Estudo revela quais são as cidades brasileiras com melhor qualidade ambiental

Estudo revela quais são as cidades brasileiras com melhor qualidade ambiental

Por Luna Galera, especial para COALIZÃO VERDE (1 PAPO RETONEO MONDO e O MUNDO QUE QUEREMOS

Quando o assunto é meio ambiente, o verde – com certeza – é a cor mais icônica para representá-lo. Indo além de uma tonalidade, ele simboliza a natureza, o crescimento, a renovação e a esperança. Na prática, o verde reflete qualidade de vida. Isso porque a vegetação em sua cor clássica não atende somente ao senso estético de que uma rua arborizada, por exemplo, é mais bonita do que um asfalto superaquecido pela poluição e falta de árvores. Cidades verdes, então, são aquelas que andam lado a lado com a sustentabilidade, investindo no bem-estar da população por meio de uma aliança entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico. No que diz respeito à vulnerabilidade climática, esses territórios focam na prevenção em vez de combate – o que faz total diferença. O ar fica mais fácil de respirar, o clima tende a amenizar e a disposição para levantar da cama aumenta. 

Dentre as 27 capitais brasileiras, Curitiba apresenta a melhor qualidade ambiental. Os critérios utilizados foram: a proporção de áreas verdes no perímetro urbano, as emissões de carbono por habitante ao ano, a supressão da vegetação primária e secundária e o índice de vulnerabilidade climática local. Com nota 78,31 (escala varia de 0 a 100), a capital do Paraná é reconhecida internacionalmente por ser uma eco-cidade, sendo referência em planejamento urbano sustentável. No total, são 44 parques e praças arborizadas espalhados pelo território, somando mais de 60 metros quadrados de áreas verdes por habitante – o quíntuplo do mínimo recomendado pela OMS, de 12 metros quadrados nas mesmas condições.

A cidade paranaense lidera o topo da lista por ter a menor presença de focos de calor (zero por mil habitantes) dentre as demais capitais. Vale destacar que Curitiba também conta com baixa emissão de carbono (principal gás do efeito estufa) per capita e um dos menores índices de vulnerabilidade climática, o que indica menor risco de eventos climáticos, como enchentes e secas. 

O ranking das capitais foi feito pelo Índice de Progresso Social – Brasil (IPS – Brasil), uma ferramenta multidimensional que avalia a qualidade de vida da população no país. A metodologia foi desenvolvida por pesquisadores de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, e são usados, sobretudo, dados de bases oficiais. No Brasil, a pesquisa é uma colaboração entre o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Iniciativa Amazônia 2030, Anattá – Pesquisa e Desenvolvimento, e o Social Progress Imperative. 

Brasília leva a segunda melhor pontuação em qualidade ambiental, com nota 74,91. A capital federal do país, embora tenha enfrentado recentemente os efeitos da fumaça e do fogo provenientes de outras regiões, resiste como uma cidade-parque – seguindo o modelo urbanístico derivado do conceito de cidade jardim conforme foi planejada. Segundo o IPS, o principal destaque do território foram as áreas verdes urbanas, que correspondem a quase 10% do município. As emissões por carbono por pessoa são 2,3 toneladas. Em vulnerabilidade climática, Brasília apresenta uma nota relativamente alta, conquistando a quinta colocação dentre todas as capitais. 

Para completar o pódio das melhores capitais em qualidade ambiental, Cuiabá aparece em terceiro lugar com 74,5 pontos.

Mesmo que o Brasil protagonize bons resultados em qualidade ambiental, esses números representam somente a ponta do iceberg. Neste ano, o país bateu recordes de queimadas, transformando fauna e flora em cinzas, além de cobrir toda extensão territorial com uma enorme nuvem de fumaça. A tragédia de chuvas e inundações no Rio Grande do Sul foi uma das piores já vivenciadas aqui, contabilizando diversas vidas perdidas e danos graves no âmbito nacional. Ambos os casos não aconteceram por falta de avisos, mas sim por descaso. O próprio IPS, por exemplo, apontava para uma situação crítica em relação à vulnerabilidade climática em Porto Alegre. Isso indica que os eventos climáticos extremos já estão acontecendo e os centros urbanos precisam se preparar – que valha então a expressão “antes tarde do que nunca”.

Porto Velho é a última colocada no ranking. Localizada no arco do desmatamento, a capital de Rondônia teve destaque negativo para quatro dos cinco indicadores: volume emissões de CO2, número de focos de calor, índice de vulnerabilidade do clima e supressão da vegetação. A performance da cidade foi muito pior quando comparada a outros municípios com a mesma faixa de Produto Interno Bruto (PIB), como Florianópolis (SC). 

As emissões de CO2 em Porto Velho são 27 vezes maiores quando comparada à primeira colocada, Curitiba, que emite apenas 1,6 toneladas por ano em contraponto às 44 toneladas da capital amazonense. O alto índice de poluição na região é alavancado pelo fogo que consome a Amazônia, impactando a saúde humana e contribuindo para a piora do aquecimento global. A principal fonte de ignição dessa catástrofe ambiental é a ação humana.

A conservação ambiental não deve ser centralizada. Para que a sociedade prospere em consonância com a natureza, é preciso investir em desenvolvimento sustentável. Somente assim, haverá progresso social. Por um Brasil mais verde – não apenas em vegetação, mas em consciência ecológica também.

 

Foto: depositphotos

 

Coalizão Verde

Autor: Coalizão Verde

Sobre o/a Autor(a) Coalizão Verde é a união dos portais de notícias Neo Mondo, O mundo que queremos e 1 Papo Reto com o objetivo de maximizar os esforços na cobertura de temas ligados à preservação ambiental.


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