Esta semana eu levei a sério o que o editor de 1 Papo Reto, Rosenildo Ferreira, me falou quando me convidou para ser colunista: “Escreva como se fosse um blog e conte o seu dia a dia, pois tem muita coisa que você faz que pode servir de subsídio e inspiração para quem deseja migrar da cidade para o campo”. Pois bem. Estou em plena safra da manga e meus dias estão muito mais corridos que o normal. E eu anseio mesmo pelo dia que o sítio estará produzindo a pleno vapor em diversas culturas. Aí vai entrar mais recursos e tudo será mais tranquilo. Até lá, o trabalho continua sendo cansativo, mas sempre prazeroso.
Nesta fase, no sítio Laverani somente as mangueiras estão produtivas. Como é uma cultura de safra anual, é preciso trabalhar e esperar por 12 meses para ver o resultado e colher os frutos.
Este ano, que foi e está sendo difícil para todos, foi difícil também para as mangueiras. A falta de chuva e o calor intenso castigaram as árvores, as folhas amarelaram mais que o normal, a produção reduziu e os frutos estão menores.
Mesmo assim, o tempo de colheita é um tempo alegre e de renovação da esperança. É também um tempo de ansiedade. É um corre para lá, corre para cá. Encontrar mão de obra extra, vender, negociar, buscar alternativas de embalagens que não encareçam o produto, transportar. Alguns dias são exaustivos.
Tirando esse período de colheita, vivo um tempo de espera e de cuidados com as plantas. Espero as mudas que plantamos se desenvolverem até que estejam preparadas para dar os primeiros furtos. Dois, três anos até o tempo de colheita.
Em uma das lives que assisti durante este período de pandemia, um dos meus clientes disse: plantar é fácil, o difícil é cuidar. É verdade. Como foi bom ouvir isso de um produtor experiente. É preciso cuidar para colher e, especialmente, para que a colheita tenha qualidade.
Saber esperar e, ao mesmo tempo, manter a fé e a tranquilidade nem sempre é fácil. Enquanto eu trabalho, anseio e espero pelos pendões, flores a frutos que anunciam vida nova e dias mais tranquilos.