A onda da audição

A onda da audição

Quem é: Guillaume Barrault

Por que é importante: ele lidera a startup catarinense que criou o primeiro aparelho auditivo de baixo custo, do Brasil

“Não sei se fomos muito inovadores ou se somos loucos, mesmo”. A frase dita num tom que mistura ironia e desabafo é proferida pelo empreendedor Guillaume Barrault, 40 anos, sócio da WaveTech, empresa responsável pelo desenvolvimento de um aparelho auditivo. Seu principal atributo, de acordo com seus criadores é a facilidade de ajustes e o valor de venda até três vezes menor que o dos similares importados. Bem, essa é uma maneira extremamente simplificada de falar do trabalho comandado pelo engenheiro nascido na França e que escolheu o Brasil para estudar e trabalhar.

Especializado em engenharia elétrica e de ondas sonoras, Guillaume sempre esteve no radar das empresas de defesa. Trabalhou em algumas gigantes do setor até ser convidado pela marinha americana para cursar o mestrado nos Estados Unidos, com tudo pago. “Não estava satisfeito”, conta. Um belo dia, ele pegou um mapa-múndi e começou a planejar sua próxima parada. Na lista, apenas países fora da Europa, como México, Chile e Brasil. Acabou parando na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde cursou doutorado, bancada pelo CNPq e com o apoio da Embraer e Embraco, interessado em seus estudos sobre vibração acústica.

Área de produção da WaveTech, em Florianópolis/divulgação

Desembarcou por aqui em 2003 e até 2006 esteve envolvido com a pesquisa de doutorado e o trabalho na Embraer e na Embraco, fabricante catarinense de motores. A WaveTech só se tornaria realizada em 2012, quando ele e o sócio resolveram juntar as economias e fazer uma aposta bastante arriscada. “O segmento de equipamentos médicos é um dos mais desafiantes, pois exige vultosos investimentos e conta com competidores de porte global”, diz. Tudo que eles não tinham na época. A virada se deu a partir da migração da startup para o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas (CELTA), a incubadora da Fundação CERTI.

Ele diz que estar em um ambiente de inovação ajudou a acelerar o desenvolvimento dos protótipos do aparelho auditivo do tipo AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual). “Tivemos de desenvolver tudo de A até Z. Desde a carcaça do aparelho até os circuitos eletrônicos”.