O que há em uma folha em branco para assustar tanto o aluno? Quer vê-lo ainda mais encabulado? Peça para ele criar algo com ela.
Certamente, ele dirá:
– Professor, não entendi o que é para fazer.
– Use a sua criatividade, só não amasse e não rasgue a folha.
Pensar, imaginar, criar e recriar são palavras que atormentam e deixam o aluno completamente perdido. Ele está habituado a ter alguém lhe falando o que fazer e como o tempo todo.
Leia o texto, interprete e depois responda as perguntas, aplique a fórmula e ache o valor de X. O que pensar e como já está dado. A escola vai fazer o aluno pensar de uma forma linear por meio de tarefas previsíveis e rotineiras. Toda a dinâmica de ensino gira entorno do certo ou errado, não há outra possibilidade.
Na escola há muito tempo para fazer e fazer. Mas pouco para pensar, imaginar e criar.
Uma inofensiva folha em branco amedronta o aluno porque não há nada pronto. O que terá na folha depende da imaginação dele. A folha em branco é um paradoxo, pois ela não tem nada, mas pode ter tudo: basta ele usar a imaginação e criatividade.
O músico Toquinho deu asas à sua imaginação e, em uma folha qualquer, criou e recriou não só um sol amarelo, como um castelo e depois uma luva. Uma folha em branco foi tudo o que ele usou para liberar a sua criatividade.
De acordo com Ken Robinson, palestrante inglês e consultor internacional em educação nas artes para organizações sem fins lucrativos, a escola direciona a criança a pensar e a fazer de uma única maneira. Não que a escola deva agora ensinar a criança a errar.
Mas a forma como o nosso ensino está estruturado não dá oportunidade para a criança pensar e imaginar. São poucos os momentos em que há espaço de reflexão. Por que isso é assim, será que não poderia de ser de outra forma ?
Segundo Robinson, antes de ir para escola a criança está o tempo todo pensando e imaginando. Ela está a todo o momento criando e recriando e pensando de forma cíclica.
Porém, quando chega à escola ao poucos a criatividade é inibida, isso porque a criança tem muitas tarefas a cumprir e pouco tempo para pensar. Ou seja, na escola há muito a fazer e pouco a se imaginar.
A intenção não é tirar a criança da escola mas, que essa instituição repense a sua prática de ensino e assim possa potencializar ao máximo a capacidade dela. Além da parte cognitiva a escola deve pensar também na parte motora, por que não ter aula de dança na escola, música, teatro entre outras? Essas atividades vão agregar mais ainda ao ensino.
Para finalizar, um trocadilho com a música “Comida” da banda Titãs:
A gente não quer só fazer, a gente quer fazer, pensar, imaginar e criar.