Seminário aborda comunicação sem racismo

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) promoveu nos dias 29 e 30 de maio o Seminário “Diálogos: Democracia e comunicação sem racismo, por um Brasil afirmativo”, com a presença de vários representantes da chamada mídia negra ou mídia étnica. O evento aconteceu no Centro de Convenções Israel Pinheiro, em Brasília. Com o objetivo de discutir o atual cenário da comunicação social,o evento contou com as presenças da ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, do presidente Hilton Cobra, da Fundação Palmares, de Valdenice Gomes, representante da Comissão Nacional de Jornalistas pela Igualdade Racial (Conajira) e da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), e da integrante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), Rosane Borges.

De acordo com a ministra, o evento é um momento importante para se colocar no debate que a comunicação talvez seja, entre as variáveis que precisam ser trabalhadas no combate ao racismo, a mais difícil de ser acessada.

“A comunicação hegemônica tem um peso tão grande nesse momento, que acaba se tornando o setor ou área que teria o papel mais fundamental para poder fazer com que essas mudanças na sociedade pudessem ser vistas, para que a população negra pudesse aparecer como uma marca fundamental das mudanças que o Brasil tem sofrido nos últimos anos”, afirmou a ministra.

Contra o racismo no futebol

Representando o Acervo Cultne, participaram como convidados palestrantes Asfilófio de Oliveira, Filó, e o americano Ira Moseley, produtor e profissional do cinema.

Foi exibido o vídeo da campanha “Vem Vencer”, que trata do tema racismo no futebol, criação do cantor e compositor Mombaça, com participação de vários artistas como Gilberto Gil, Ivan Lins, Chico Buarque, Zezé Motta, Antonio Pitanga, Camila Pitanga, Maria Ceiça, entre outros.

Filó destacou a importância de se lutar adquirindo uma posição definitiva junto ao empoderamento negro em todas as formas, e Moseley destacou como os afro-americanos conseguiram virar o jogo utilizando incentivos do governo americano.

Política de apoio à mídia negra nos EUA

Em 1978, a Comissão Federal de Comunicações (FCC), nos EUA, emitiu uma política de apoio à venda de estações de TV e Rádio para as minorias, oferecendo um benefício sobre ganhos de capital aos proprietários que vendessem estações de rádio e televisão a minorias.

A política foi alterada em 1982, atribuindo-se certificados fiscais para investidores que fornecessem capital inicial para a compra de emissoras pelas minorias. Antes desta política, as minorias eram proprietárias de apenas 40 das 8.500 rádios e TVs dos Estados Unidos.

Durante a vigência da política entre 1978 e 1995 foram produzidos 364 certificados fiscais e 200 operações de mídia, totalizando mais de US $ 1 bilhão em valor de mercado. Isso representou cerca de dois terços de todas as estações de propriedade das minorias. Ao longo de sua vida, a política ajudou a elevar esse número o total de 333, sendo 290 estações de rádio e 43 emissoras de TV. Além da elevação de 31 emissoras a cabo.

Como proposta final os paletrantes do Cultne propuseram ao governo federal por meio da SEPPIR a criação de uma estratégia de desenvolvimento de uma mídia negra para agir como um catalisador para o desenvolvimento de negócios visando a utilização dos incentivos fiscais disponíveis, a busca de parceiros e reconhecimento de entidades e lideranças global capazes de criar investimentos para produzir e desfrutar de produtos de mídia que dispomos.

Asfilófio de Oliveira Filho, colunista convidado autor deste texto, é formado em engenharia com especialização em administração esportiva pela FGV/RJ e pós-graduado em marketing pela ESPM. Hoje coordena a Liga Urbana de Basquete (LUB) e a Associação Brasileira de Cultura Urbana.

Foto: 3FS Estudio Digital