Aos 71 anos, rede Bobs foca sua estratégia de crescimento nos pilares ESG

Aos 71 anos, rede Bobs foca sua estratégia de crescimento nos pilares ESG

A vigilância e a intensa cobrança por parte dos órgãos reguladores e dos consumidores forçaram muitos segmentos econômicos a aderirem às práticas sustentáveis. Tanto pelo lado social, quanto no que se refere ao impacto que a atividade causa no meio ambiente. Alguns setores, no entanto, receberam uma pressão adicional exatamente por interferirem em temas do dia a dia, como o bem-estar das pessoas. Este é o caso, por exemplo, das redes de fast food. 

Outrora celebradas como espaços de democratização do acesso à alimentação fora do lar, essas redes passaram a enfrentar uma série de críticas. Primeiro por conta da utilização maciça de alimentos ultraprocessados, apontados como vilões da epidemia de obesidade. 

Mais recentemente, as empresas entraram na mira de ambientalistas, que começaram a exigir medidas de prevenção em relação às possíveis violações sociais e ambientais ao longo da cadeia de suprimentos. Sem contar o severo escrutínio de fundos de investimento como os agrupados na FAIRR Initiative, rede de investidores globais que administram patrimônio de US$ 33 trilhões. 

E tem sido a partir dessas premissas que as principais redes do setor de food service vêm traçando suas estratégias. E isso vale para as empresas mais novas e as, digamos, veteranas, como é o caso da pioneira Bob´s. “Nossa rede vem evoluindo junto com a sociedade”, diz Marcelo Batista, diretor de suply chain da empresa. “Nossas ações no campo social e da sustentabilidade são antigas, mas começaram a se intensificar há cerca de 20 anos, quando a gestão atual assumiu o negócio.”

Segundo ele, um dos atributos que explicam a longevidade da marca, fundada em 1952, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, é a sua grande capacidade de inovação. “A diferença é que, antes, não comunicavamos muitas de nossas ações no campo sócio-ambiental”. A virada de chave acontecerá de forma mais profunda neste ano, quando o Bob´s lança sua primeira edição de seu relatório ESG (da sigla em inglês para meio ambiente, social e governança). 

Bobs Marcelo Batista 1 papo retoBatista, diretor de supply chain do BobsNele, vão ser destacados alguns pontos que, segundo o diretor de suply chain do Bobs, colocam a rede na vanguarda. Um deles é o lançamento da primeira bandeja produzida no sistema upcycling, que consiste na transformação de resíduos em um novo produto, diferente do anterior. Os sachês de maionese, ketchup e mostarda serão as matérias primas do projeto, desenvolvido em parceria com a Boomera Ambipar.

Trata-se de um material que não é integrado à cadeia de reciclagem por ser de difícil aproveitamento, além de não ser encarado como vantajoso pelos catadores. Para mudar essa equação, o Bob´s se comprometeu em remunerar os cerca de oito mil recicladores inseridos na cadeia da Boomera. Nessa primeira fornada serão produzidas sete mil bandejas.

Apesar de a bandeja ser um item essencial no segmento de fast food, o que acaba pressionando as demais redes a seguir a mesma trilha, os compromissos do Bobs vão além. Afinal, para manter funcionando as cerca de mil lojas, entre restaurantes e quiosques, é preciso movimentar muitas cadeias de suprimentos de produtos e serviços. Por conta disso, a trilha ESG da empresa foca, também, em verticais sensíveis como o consumo energético oriundo de fontes limpas, a eliminação do desperdício de alimentos, além da saudabilidade dos pratos, a partir dos ingredientes e do processo de preparação. 

No caso da eficiência das lojas, a empresa conta com a versão Conecta, lançada em maio de 2022, em Campinas. Hoje, cerca de 20% das unidades da rede foram construídas ou convertidas para este padrão. O mais recente deles é o restaurante inaugurado em abril, na icônica praia de Morro de São Paulo, na Bahia. “A conversão de toda a rede não é uma tarefa simples, pois depende de investimentos dos franqueados”, explica. “Mas nossa expectativa é que esse processo se dê em até cinco anos.”

No que se refere à saudabilidade dos produtos, o executivo destaca os esforços da empresa em dois itens: açúcar e óleo. No primeiro caso, a ideia e a substituição gradativa do produto refinado por outros componentes mais naturais e mais saudáveis. Para o segundo, a rede de fast food está bancando uma pesquisa para o desenvolvimento de receitas e pratos que precisem de menos óleo para serem preparados. 

A saúde dos brasileiros e a do planeta agradecem!