A vez da bancada ativista na política

“Nas eleições de outubro, mais do que colocar à prova os candidatos dos partidos tradicionais o que estará na berlinda é o modo de funcionamento das estruturas políticas do Brasil”. A afirmação foi feita neste sábado (5/5) pelo economista e ativista Caio Tendolini, fundador do Instituto Update, durante debate no Festival GloboNews Prisma, em São Paulo. “Existe um ceticismo generalizado em relação aos políticos, mas a política continua sendo o caminho para as transformações sociais”.

No entanto, a política da qual ele falou no painel mediado pelo jornalista André Fran (à esquerda na foto acima), da GloboNews, é aquela que nasce de baixo para cima, também conhecida como Política 2.0. É neste ponto que o economista dá lugar ao cidadão ligado à Bancada Ativista, movimento que atua no apoio financeiro e estrutural a representantes de todos os matizes ideológicos. “Precisamos romper a estrutura atual na qual a política partidária e a eleição são dominadas por um tipo único: homem, branco e rico”.

O primeiro teste prático do grupo se deu nas eleições municipais de 2016, em SP, quando os oito candidatos ligados ao movimento angariaram 73.335 votos, concorrendo por diversas legendas. O resultado, segundo ele, foi animador, apesar de terem eleito apenas uma candidata: Sâmia Bomfim, do PSOL. Para assumir uma cadeira no parlamento municipal ela gastou R$ 45 mil, entre recursos financeiros e materiais, dos quais somente R$ 23 mil em espécie. Nas candidaturas convencionais o custo médio foi em torno de R$ 500 mil. “Ficou claro que faz sentido apostar em campanhas de baixo custo e alto engajamento”, diz.

A Bancada Ativista é uma das inúmeras iniciativas de renovação política surgidas nos últimos 10 anos. A lista conta ainda com os grupos RenovaBR, Raps, Acredito, Frente Favela Brasil, Agora!, Livres, entre outros. Trata-se de um fenômeno global e que tem conseguido adeptos em diversos países da América Latina: Argentina, Chile, Colômbia e México. Em comum, eles têm o fato de focarem em causas, independentemente do partido pelo qual cada um dos candidatos apoiados irá concorrer. Isso porque, ao contrário de inúmeros países, como os Estados Unidos e Alemanha, no Brasil não são permitidas as candidaturas independentes. “Precisamos ocupar a política e não apenas demonizá-la”, resume.

 

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