Nos últimos cinco anos, as cenas chocantes de dezenas de homens, mulheres e crianças dentro de pequenos botes à deriva no mar mediterrâneo se tornaram corriqueiras nos telejornais. O mesmo se pode dizer em relação as levas de refugiados tentando atravessar os países do Leste Europeu, em direção à França, Alemanha e Inglaterra. Em comum são pessoas que fogem de áreas de conflitos armados, nas quais predomina a barbárie. Mas não é apenas na Europa ou no norte da África que a crise humanitária se mostra aguda. Desde o final da década de 1990 que o Brasil se tornou o destino preferencial de sul-americanos em busca de uma vida melhor.
Começou com os bolivianos e peruanos. Na sequência vieram os haitianos, os angolanos, os sírios e os iraquianos. A nota triste nesta questão, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos e até no Brasil, é o elevado preconceito em relação aos refugiados. O espancamento de um sírio, ocorrido e julho, em Copacabana, bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro e a “escravização” de bolivianos em oficinas de costura, mostram que, por aqui, ainda há muito o que ser feito para melhorar a vida dos integrantes deste contingente.
Grupo Esperança se apresenta em SP“Muitas pessoas associam o termo refugiado a bandido, ou seja, para alguns, o refugiado fugiu de seu país por ser criminoso”, diz Maria Inês Berloffa, idealizadora e coordenadora editorial do projeto Refugiados em São Paulo. A iniciativa tem por objetivo ampliar a visibilidade dos imigrantes que vivem na cidade de São Paulo, que concentra 26% das 9,5 mil pessoas que conseguiram asilo no Brasil. E uma das ferramentas para tal é a informação.
Por meio da revista eletrônica Território Cultural, Maria Inês espera reduzir a distância entre os refugiados e os demais moradores da cidade. A ambição da publicação é lançar um olhar humano sobre o cotidiano dessas pessoas. E, para isso, nada melhor do que falar de cultura e tradições intrínsecas a cada nacionalidade.
“Muitas dessas pessoas têm sobrevivido em nosso país trabalhando com cultura: a gastronomia, a música, a dança, a moda, inclusive os dizeres, pois muitos vivem de contar suas histórias, de falar para públicos sobre seus países e sobre o que ocasionou o exílio”, destaca. Aliás, uma parte desses saberes foi apresentada ao longo de shows e debates no lançamento do projeto, ocorrido no dia 12 de agosto, no Museu da Imigração.
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