Prosperidade no campo

Se é flagrante a invisibilidade que marca quem vive fora dos grandes centros urbanos, a situação ainda é pior no caso dos jovens. A falta de perspectiva e a dificuldade de assumir um papel de protagonismo faz com que muitos deles enxerguem na migração para as capitais a única alternativa. O resultado prático disso é a intensificação de um círculo vicioso que ajuda a perpetuar a pobreza no campo e pode comprometer, no longo prazo, a produção de alimentos.

Afinal, sem a renovação das ideias, sem inovação e sem mão de obra para tocar os negócios as cidades do interior vão perdendo relevância. Neste contexto, surge como um grande alento a recente declaração do novo chefe da agência das Organização das Nações Unidas (ONU) encarregada de erradicar a pobreza rural. Em sua entrevista ao site da ONU, veja a íntegra no link ao final deste texto, Gilbert Houngbo destacou que a vida no campo deve ser encarada como uma escolha e não uma necessidade.

“A segurança alimentar e a nutrição são essenciais, mas temos que ir para além disso e buscar a luta contra a pobreza, olhando a agricultura como uma atividade decente de geração de renda”, declarou o líder do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). “Precisamos trabalhar nessas dificuldades para que os jovens possam ser felizes na zona rural, em vez de buscar ir para as capitais ou se mudar para outros lugares de seus países”, disse. Antes de assumir esta posição, ele ocupava o posto de vice-diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Aqui no Brasil temos diversas experiências exitosas neste sentido. Uma das mais conhecidas é liderada pela Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), nascida no sertão do Ceará. A entidade foi criada por um grupo de jovens que se conheceram em um cursinho pré-vestibular comunitário e se firmou como uma força-motriz do protagonismo dos moradores das comunidades em torno de Pentecoste.

Houngbo fala com conhecimento de causa, pois cresceu na área rural do Togo. “Quando eu tinha 8 anos, tinha que caminhar quatro quilômetros todas as manhãs para conseguir água para a casa, e alguns anos depois tive que andar 20 quilômetros todas as manhãs para ir ao colégio”, disse. “É inaceitável que as crianças hoje tenham de passar pela mesma coisa 40 ou 50 anos depois”.

SAIBA MAIS:

Sobre o trabalho da Adel

Sobre o trabalho da FIDA no Brasil

A íntegra da reportagem do site da ONU 

Texto atualizado em às 21h35 de 17/4/2017