Insegurança alimentar ronda os brasileiros

A fome no país aumentou, o Guia Alimentar para a População Brasileira foi atacado e, dessa forma, em vez de avançarmos, vamos nos distanciando dos dois primeiros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Milênio: erradicar a pobreza e fome zero.  

Pé de manga no Sítio Laverani, especializado em orgânico 

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017 -2018 divulgada recentemente pelo IBGE aponta que mais de 10 milhões de pessoas passam fome no país. E os dados são de antes da pandemia.  A previsão da ONU é que a fome no mundo (Brasil incluído) deve dobrar em 2020.

 

Um dos temas abordados no primeiro dia da BioBrazil Fair (feira com foco no mercado orgânico) que este ano acontece de forma virtual até o dia 23 de outubro, foi a segurança alimentar da população brasileira. E na pauta estava a fome e o desperdício de alimento, já que o Brasil está entre os países campeões de desperdício.

 

Uma das soluções apontadas pelo presidente do Instituto Brasil Orgânico, Rogério Viana, é o consumo em cadeias de distribuição curtas e a manutenção do homem no campo. Ou seja, estabelecer logística regional e criar condições que garantam qualidade de vida ao trabalhador rural para mantê-lo no campo.  Manter o trabalhador no campo, além de aumentar a produção e a diversidade de alimentos, ajuda a diminuir a desigualdade social, ponto nevrálgico da fome. Ele não vai procurar trabalho nos centros urbanos e ainda vai gerar emprego em sua micro região.

Não estou aqui querendo defender a agricultura como salvadora da pátria. Agricultura com práticas erradas pode gerar ainda mais devastação, pobreza e fome.  Mas, como eu já disse no artigo passado, quando eu decidi trabalhar com agricultura orgânica, apesar da minha origem rural, eu não tinha a dimensão do poder e da grandeza que é o trabalho de produzir alimentos.  Que é trabalho de cuidar do solo para gerar vida. Apesar de todas as dificuldades que eu enfrento para tornar o sítio produtivo, ando em uma fase de encantamento.

 A agricultura com bases sustentáveis e agroecológicas está intrinsecamente ligada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do planeta. Contribui para a erradicação da pobreza, da fome, promove a saúde e o bem estar, o consumo e a produção responsáveis (que ajudam a reduzir a pegada ecológica), preserva a água e sua qualidade, ajuda a combater as mudanças climáticas e ainda preserva a vida na terra.

São ou não são motivos suficientes para se encantar com o poder da agricultura?

Milena Miziara

Autor: Milena Miziara

Sobre o/a Autor(a) Milena Miziara é jornalista. Desde 2019 também atua como sócia-fundadora da marca de frutas Laverani Orgânicos (SP)


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