Bem-estar animal: relatório indica melhoria na atuação de frigoríficos

Bem-estar animal: relatório indica melhoria na atuação de frigoríficos

A suinocultura é uma das atividades do agronegócio nas quais o Brasil se destaca no cenário global. Com uma produção de 4,7 milhões de toneladas, em 2021, o país desponta na quarta posição, em um ranking liderado por China (48,8 milhões), União Europeia (23,6 milhões) e Estados Unidos (12,5 milhões). Uma parte considerável dos ganhos dos frigoríficos brasileiros são obtidos com as vendas externas que, no acumulado janeiro-outubro de 2022, somaram US$ 2,088 bilhões.

E é neste ponto que entram em cena as barreiras não-tarifárias, impostas a partir de bandeiras defendidas, cada vez com mais vigor, por grupos de ativistas e ambientalistas. “O bem-estar animal está conectado com a dimensão social do negócio”, destaca a veterinária Patrycia Sato, presidente da Alianima.

Tendo como foco os animais de produção (suínos, aves e peixes), a ONG criada no final de 2019 optou por um modo de atuação que em vez de apenas apontar os problemas do setor, se engaja na busca de soluções. “Mais que apenas denunciar as questões de maus tratos e práticas danosas, queremos ser parceiros das empresas na melhoria das condições dos animais usados como alimento”, diz.

Levando-se em conta os dados do Relatório Suíno 2022, elaborado pela Alianima, pode-se dizer que a criação de suínos vem apresentando mudanças importantes. Uma das questões em destaque é a utilização de celas no período de gestação das matrizes. Essa prática já foi banida em países como Nova Zelândia, Noruega, Reino Unido e em alguns estados dos EUA. Aqui, de acordo com a Instrução Normativa 113 do Ministério do Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), os criadores terão até 2045 para se ajustar.

Esse período é considerado excessivamente longo por Patrycia que, contudo, destaca os pontos positivos da IN, como a proibição do uso de bastões de choque elétrico para manejo da criação de suínos. “Em geral, o produtor não é um vilão, às vezes falta-lhe conhecimento de práticas mais modernas para o manejo.”

Patrycia sato 1 papo reto alianimaPatrycia, fundadora da ONG AlianimaPara ajudar nesta transição, a Alianima atua na prestação de serviços focados na melhoria contínua da produção. O time de especialistas inclui veterinários, zootecnistas e biólogos. Para realizar esse trabalho, a ONG conta com a doação de entidades locais e estrangeiras, e o trabalho de consultoria aos produtores é gratuito.

A terceira edição do Relatório Suíno, que reúne os dados referentes a 2021 envolvendo 14 empresas, deixa evidente a diferença de postura entre dois grupos de empresas: as de grande porte, com atuação global, e as de pequeno e médio portes. As primeiras, onde estão Alegra, Aurora, BRF, Frimesa, JBS (dona da Seara), Pamplona e Pif Paf, que respondem por 60% do plantel nacional, pretendem acelerar a substituição de celas de gestação individual por baias coletivas.

Para 66,7% das empresas, no entanto, a questão financeira aparece como o principal entrave para antecipação da adoção das medidas constantes na IN 113. É neste ponto que a presidente da ONG defende um maior engajamento da sociedade em relação à causa animal, forçando o governo a adotar linhas de crédito para o setor. “A tendência é que os consumidores brasileiros façam como os europeus e americanos e se tornem cada vez mais exigentes e queiram saber como são tratados os animais que constam em sua rotina alimentar.”

Acesse o relatório completo aqui.