Em dezembro de 2019, os hospitais da província de Wuhan, na China, estavam congestionados de pacientes entre a vida e a morte. Em comum, o diagnóstico de COVID-19, doença que três meses depois ganharia o status de pandemia, por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS). Desde então, falou-se muito sobre a COVID-19, seus efeitos na vida das pessoas e acerca dos mecanismos de prevenção e cuidados mais básicos para conter a aceleração da curva de contágio. Contudo, a exemplo do que ocorreu nos primeiros dias de eclosão da doença, tanto na China quanto na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil o que vigora é a desinformação e o preconceito.
E esse movimento se deu na esteira de grupos negacionistas dos mais variados tipos, como o de antivacina, que até então encontravam-se dispersos. Neste contexto, a pandemia de COVID-19 serviu de amálgama e teve nas redes sociais um terreno fértil para dar vazão a teses mirabolantes, baseadas em achismos e manipulações grosseiras. Inclusive no Brasil, onde o braço local da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu lançar uma série de iniciativas, em parceria com veículos de comunicação.
“O problema da desinformação é muito grave, em todo o mundo”,disse Kimberly Mann, diretora do Centro de Informação das Nações Unidas (Unic-Rio) para o Brasil. “Algumas pesquisas dão conta que cerca de 70% dos brasileiros não confiam em conteúdos da internet. Isso é ruim, pois as redes sociais podem ser um potente veículo para disseminar informações qualificadas sobre formas de cuidado e prevenção, num momento como este”.
Em entrevista à 1 Papo Reto, ela contou que o motor dessa mobilização é a parceria focada em diversas camadas sociais e faixas etárias distintas. Com o Grupo Globo, por exemplo, o acerto inclui a inserção de quatro episódios de um programete no canal do infantil Gloob, no Youtube. Nele, o médico e cientista Drauzio Varella tira dúvidas enviadas por crianças, envolvendo a COVID-19. O primeiro deles vai ao ar na quarta-feira (9/12).
Além do celebrado médico, os humoristas Hamiltinho e Rafael Infante também se engajaram na campanha. Por meio da websérie #SóQueNão, eles abordam os principais mitos que rondam a COVID-19. O texto está sendo escrito em parceria com a Agência Lupa, baseado em checagens acerca de questões como o uso de máscara e a segurança das vacinas. “Todos precisam confiar nos órgãos de saúde e na capacidade da ciência de desenvolver vacinas eficientes e seguras”, diz a diretora do Unic-Rio.
Em nível global, a ambição da ONU é atingir cerca de um bilhão de pessoas nas diversas iniciativas ligadas ao combate à desinformação sobre a Covid-19. Nesta tarefa, a ONU conta com a parceria da Purpose, especializada em mobilização social, em nível global. “Enquanto a vacina não chega para todos, o ideal é que foquemos em ações de prevenção no dia a dia, como a higiene das mãos, o uso de máscara e o distanciamento social”. Destaca Kimberly Mann.
