Aliança Covid Amazonas luta para reduzir impacto da pandemia entre indígenas e ribeirinhos

Os impactos da pandemia de COVID-19 nas áreas sanitária, social e econômica têm sido violentos. Contudo, seus efeitos se mostram ainda mais fortes no casos dos povos originais. De acordo com levantamento do Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade da população indígena no Amazonas é 150% maior que a média da população brasileira, em geral. O quadro só não é pior graças à ação de ONGs, centros acadêmicos e governos locais. Afinal, além de colocar em risco a vida destes brasileiros, a Covid-19 também ameaça a preservação deste importante ecossistema. “Está na hora de sermos resilientes e aumentar os cuidados com as pessoas que cuidam das florestas”, diz a bióloga Kelly Souza, analista de educação ambiental da Fundação Amazonas Sustentável (FAS). 

Para encurtar as “distâncias continentais” que caracterizam a região, a Fundação criou a Aliança Covid Amazonas, organização que reúne 73 instituições públicas e privadas, além das prefeituras. O objetivo é treinar Agentes Comunitários de Saúde (ACS), responsáveis pelo trabalho de prevenção e cuidados, especialmente nas áreas mais remotas. Além das capacitações, eles recebem um kit básico contendo oxímetro e medidor de pressão, utilizados na detecção da doença. Nos casos confirmados de contaminação, a primeira fase do tratamento se dá por meio do Telessaúde AM, sistema criado pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Desde maio, os Agentes já identificaram 181 casos suspeitos de coronavírus entre as populações ribeirinhas. Deste total, 31 foram assistidos graças aos recursos da telemedicina. “A Fundação não é uma entidade da área de saúde, mas sim um articulador de ações em prol das comunidades”, destaca Kelly.Kelly Souza, bióloga e analista de educação ambiental da FAS

 

Segundo ela, a Aliança Covid Amazonas já mapeou 592 comunidades que precisam de assistência à saúde. Para contribuir com a mitigação do problema, a entidade vem reforçando suas campanhas de arrecadação de fundos no Brasil e no exterior. A parceria com a Lojas Americanas permitiu a expansão do sistema de comunicação digital de dois para oito centros de conservação. Kelly explica que a conectividade é vital para viabilizar e fortalecer os projetos de educação e assistência à saúde. “No futuro, o Telessaúde poderá ser usado como um instrumento para aumentar a capacitação dos Agentes Comunitários de Saúde”, destaca.

Criada em 2008, a FAS está presente em seis Unidades de Conservação. O uso de ferramentas de telemedicina começou somente no ano passado, graças à parceria com a UEA. O primeiro teste de teleatendimento foi realizado em Tumbira, comunidade distante duas horas de barco de Manaus e onde está situada a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Negro. Além deste programa, a Fundação também é criadora e gestora do Bolsa Floresta (uma espécie de versão amazônica do Bolsa Família), beneficiando 8.649 famílias.