Reportagem publicada na revista científica Nature Climate Change acende mais um ponto de alerta: o risco de extinção dos ursos polares. De acordo com pesquisadores, a espécie pode desaparecer do planeta em 2100. O trabalho leva em conta os efeitos do aquecimento global sobre o habitat natural dessa espécie. É que o derretimento num ritmo acentuado da calota polar reduz a área e o tempo que os ursos teriam para caçar focas, seu principal alimento, antes do período de jejum.
Com a progressiva diminuição das calotas, as focas tendem a deixar a região, obrigando os ursos-polares a percorrer maiores distâncias em busca de alimento. "Os ursos enfrentam um período de jejum cada vez maior antes do gelo voltar a congelar e eles poderem voltar a se alimentar", disse o autor principal do estudo, Steven Amstrup.
A alimentação farta é essencial para que os ursos enfrentem o inverno polar, cujas temperaturas caem até -40ºC. Para o estudo, pesquisadores analisaram o peso máximo e mínimo dos animais e modelaram o gasto de energia.
Exemplo: um macho jovem da espécie que vive em Hudson Bay (situada na região nordeste do Canadá) que entre no período de jejum com 20% a menos do peso normal, sobreviveria 125 dias sem alimento, 75 a menos caso começasse o processo com o peso adequado.
Hoje, existem cerca de 25 mil ursos polares espalhados em 19 subpopulações. O estudo se debruçou sobre 13 delas, concluindo que 12 devem ser dizimadas em 80 anos, se o aquecimento global continuar no atual ritmo.
Apesar de o drama vivido pelos ursos polares não ser uma novidade, o estudo é o primeiro a definir um prazo para a morte, em massa, dos animais.