Diminuição das chuvas e aumento do desmatamento fazem focos de calor aumentarem na Amazônia Legal no segundo trimestre de 2022. Conforme relatório elaborado pela consultoria socioambiental Synergia, que monitora a região há mais de dez anos, se no primeiro trimestre de 2022 o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou número recorde de alerta de desmatamento dos últimos quatro anos (3.413 alertas), no segundo trimestre o número de alertas mais que triplicou em relação ao primeiro (11.626 alertas). Ao todo foram emitidos alertas para 15.039 km2 dentro da Amazônia Legal e, de acordo com a Synergia, as dez áreas mais afetadas somaram 1481 focos de calor no segundo trimestre de 2022
Entre as áreas com mais focos de calor, a Terra Indígena de Paresi lidera o ranking com 320 focos registrados entre os meses de abril, maio e junho deste ano. Em média, três focos de incêndio foram registrados a cada 24 horas, uma situação alarmante, segundo a consultoria.
O relatório mostrou que as áreas protegidas com mais focos de calor identificados no segundo trimestre estão localizadas todas em áreas de cerrado ou em regiões de transição do cerrado para bioma amazônico.
Das dez áreas com mais registros de focos de calor neste trimestre, cinco estão na região do Jalapão e quatro na região do Araguaia, ambas dentro do Estado do Tocantins. Apenas a TI Paresi está fora dessa área, pois fica localizada na região oeste do Mato Grosso. Segundo análise da consultoria, diversas regiões do bioma amazônico ainda registraram altos índices pluviométricos no final do segundo trimestre de 2022, o que pode ter minimizado o surgimento de focos de calor, alertando que a situação poderia estar ainda pior.
Em 2021, Paresi sofreu fortemente a ação do fogo e contabilizou por volta de 30 mil hectares queimados. O que se nota é que o comportamento da dispersão do fogo dentro da Terra Indígena não se reproduz em regiões próximas, segundo o relatório.
"Com o desmatamento consumindo a floresta, a necessidade de reforço das políticas de fiscalização, controle do desmatamento e do combate a incêndio devem ter prioridade neste momento. Além disso, o conhecimento mais aprofundado sobre a situação específica de cada área ameaçada, aliado a uma gestão integrada das áreas protegidas, será decisivo para combater incêndios que estão por acontecer no próximo trimestre”, alerta Marcos Vinícius Quizadas de Lima, especialista em geoprocessamento na Synergia e responsável pela análise.
Texto de autoria da Assessoria de Imprensa da Synergia. Leia o relatório completo, aqui
Foto: Christian Braga / Greenpeace
