Scania pluga seu primeiro pesado na tomada

Scania pluga seu primeiro pesado na tomada

Largar na frente e acelerar até que os competidores “sumam” do retrovisor é o objetivo de quem compete no mundo automotivo. Especialmente em categorias nas quais a velocidade faz toda a diferença. Mas nem sempre quem sai na pole position termina a prova no lugar mais alto do podium. E, mesmo que isso aconteça, não há garantia de que este piloto será o vencedor do campeonato. Essa alegoria pode ser aplicada à estratégia da subsidiária da sueca Scania no semento de caminhões elétricos, no Brasil. Trata-se de um mercado inaugurado pela Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) que, a partir de um grande contrato com a Ambev, começou a eletrificar seu modelo Delivery, em 2018.

Pois, assim como aconteceu com os ônibus movidos a bateria, a montadora sueca optou por desenvolver a solução completa (do chassis à bateria, passando pelo sistema de tração) “dentro de casa” para seu modelo de caminhão elétrico, o 30 G 4X2 (foto). O veículo, que será apresentado ao público na edição 2024 da Fenatran, que acontece em São Paulo, de 4 a 8 de novembro, representa o maior desafio da montadora sueca em sua trilha de sustentabilidade no Brasil, iniciada em 2016, com o lançamento do caminhão a gás. Afinal, o 30 G vai custar R$ 2,5 milhões, montante 150% maior em relação ao modelo movido a diesel e só estará disponível a partir de janeiro de 2026.

 

 

simone montagna ceo scania 1 papo retoMontagna, CEO da Scania no Brasil

 

No entanto, a exemplo do que aconteceu com os demais caminhões abastecidos com combustíveis alternativos (GLP, biogás e biodiesel), a direção da Scania aposta em um projeto de longo prazo. “Nossa luta pela liderança no segmento de transportes sustentáveis começou em 2016, replicando o que já fazíamos na Europa. E isso se aplica tanto aos modelos a diesel quanto aos movidos com combustíveis alternativos”, conta Simone Montagna, presidente e CEO da Scania no Brasil.

Naquela época, no entanto, os suecos estavam sozinhos e tiveram tempo de “evangelizar” o mercado e de construir soluções sob medida para cada cliente.  No segmento elétrico, o cenário que se divisa é bem mais desafiante, pois, além da concorrência de fabricantes locais, como a VWCO, a Scania terá pela frente diversas marcas chinesas que enxergam o Brasil como prioridade nesta área. Que o diga a Xuzhou Construction Machinery Group (XCMG), que desembarcou por aqui em 2014, para a produção e importação de máquinas rodoviárias, e desde o final de 2023 comercializa caminhões elétricos. Em junho, a montadora anunciou os testes com o E7-49T, com capacidade de transportar 49 toneladas de carga e uma autonomia de 150 km e preço estimado em R$ 1,3 milhão.

Apesar de serem projetos distintos – o 30 G possui até o dobro da autonomia em relação ao modelo chinês, por exemplo –, o preço, sem dúvida, é um item sempre levado em conta na decisão de compra de muitos embarcadores e transportadores. “Em matéria de combustíveis alternativos, a vocação atual do mercado brasileiros são os modelos a gás e biodiesel”, destaca Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil. “O caminhão pesado movido a eletricidade necessita de cinco anos para se tornar uma opção mais ampla para os transportadores.” Essa projeção leva em conta a expectativa em relação ao avanço da rede de postos de recarga, além do barateamento do custo das unidades autônomas que podem ser instaladas dentro das empresas.

Para mitigar o preço elevado em relação aos modelos convencionais, o executivo diz que a Scania está pronta para atuar em todas essas fases do processo. Hoje, a empresa já realizada as vendas dos veículos a gás e biodiesel a partir do CDC-Verde, uma linha de crédito internacional com juros subsidiados cuja taxa é repassada integralmente aos clientes. A ideia é estender esse benefício para a aquisição de carregadores fabricados pela sueca-suíça ABB e a catarinense WEG.

Em um primeiro momento, Nucci acredita que a lista de potenciais compradores do 30 G 4X2 será composta pelos chamados early adopters, empresas que têm uma adesão rápida às iniciativas capazes de zerar as emissões de dióxido de carbono. “Hoje, as opções a gás e biodiesel reduzem em 90% e 77% o volume de emissões, respectivamente. Com a opção elétrica, o patamar vai a 100%.” Mais que sair na frente, os executivos da Scania esperam vencer o campeonato da sustentabilidade nas estradas. 

 

Acompanhe no vídeo, abaixo, um resumo da apresentação da nova linha de caminhões da Scania: