Se é fake, não pode ser news

Se é fake, não pode ser news

A disseminação de informações falsas não é exatamente algo novo. Contudo, com o advento das redes sociais sua amplitude e poder deletério assumiram um caráter de ameaça global. Afinal, montagens utilizando recursos de texto, imagem e som têm colocado em risco políticas públicas, como as campanhas de vacinação no Brasil, e também imposto sofrimento a milhões de pessoas, vítimas de injúrias e calúnias que, em alguns casos, redundam em ações violentas, como suicídio.

E é para ajudar no enfrentamento dessa que se tornou uma das principais batalhas contemporâneas que a Unesco, por meio da Iniciativa Global para Excelência na Educação em Jornalismo, está lançando um manual sobre o tema. A obra, cuja versão eletrônica em português pode ser baixada aqui, reúne contribuições de importantes educadores, pesquisadores e pensadores do jornalismo internacional que estão ajudando a atualizar o método para lidar com os desafios da informação incorreta e da desinformação.

Os temas são apresentados a partir do compartilhamento de boas práticas sobre a matéria. O Manual rejeita o termo fake news (notícias falsas) ao partir da premissa segundo a qual “notícias” significam informações verificáveis e de interesse público. Logo, as informações que não atendem a esses padrões não merecem o rótulo de notícias.

Em lugar disso, opta-se pela expressão “fraude”, como uma categoria particular de informação falsa disseminada em campanhas que muitas vezes apelam para o formato de entretenimento, como memes. Por sua vez, a palavra “desinformação” é usada para se referir às tentativas deliberadas (e orquestradas) para confundir ou manipular pessoas por meio de transmissão de informações desonestas. Estas são, geralmente, combinadas com estratégias de comunicação paralelas e cruzadas com um conjunto de outras táticas, como hackear ou comprometer pessoas.

Os autores do estudo alertam para o fato de as fakes normalmente serem gratuitas e terem como foco a camada da população sem recursos para pagar para consumir notícias produzidas pelos meios de comunicação.

A Organização das Nações Unidas (ONU) tem colocado esse tema em constante debate. Em 2018, por exemplo, o relatório sobre Liberdade de Expressão e Opinião, focou no tema desinformação e encorajou as empresas de internet a reforçarem seus mecanismos de autorregulação. O desafio, como vemos, continua.

 

Com informações da ONU Brasil