Da chuva brota a vida, brota a esperança

Foram meses sem chuva. Muitas plantas secaram e a paisagem se tornou árida. O ar ficou tão empoeirado que por vários dias chegou a ofuscar o brilho do sol. Era apenas uma bola nítida e vermelha em um céu esfumaçado.

Vista do sítio Laverani

Algumas das araucárias que plantei no sítio para trazer um pouquinho de Curitiba junto comigo, morreram. A água que eu coloquei não foi suficiente. (Desde que eu estava na escola, ainda no ensino fundamental, sou apaixonada pelas araucárias. Na época eu as conhecia pelos livros).

Manter as mudas de limão e de abacate vivas foi um desafio. A vazão da água do poço diminui e algumas precisaram ser molhadas manualmente para sobreviverem.  Muitas plantas amarelaram.

Este mês, enfim, a chuva voltou e cai em forma de bênçãos, devolvendo vida aos campos. Para todo lado que se olha é possível ver o milagre da transformação. A paisagem seca está verde novamente. Chega ser possível ver a “felicidade” das plantas, das árvores. A impressão que dá que é chacoalham os galhos de alegria. Aos poucos, vão recuperando o vigor e voltam a brilhar.  Os passarinhos também estão cantando mais.

É chegada a hora de nutrir o solo para que ele cumpra sua função de nutrir as plantas. Neste período de chuvas, elas absorvem melhor os nutrientes.

Eu estava a espera da chuva para semear plantas de cobertura, que também têm a função de adubação do solo. Em menos de uma semana elas brotaram vigorosas, aquecendo o coração e trazendo vida nova ao sítio. É incrível como sementes tão pequenas têm um pode tão grande de restauração.

Com as plantas de cobertura, também pretendo controlar um pouco o crescimento do mato. Na agricultura orgânica o mato pode ser um aliado, já que contribui para o aumento da matéria orgânica, tão essencial para um solo sadio. Mas também tem o seu efeito maléfico. Abafa as culturas principais e rouba seus nutrientes.  O mato cresce rápido e forte, e exige capinas constantes.

Estar em contato com a terra é ver a vida pulsar com toda a sua força. Seja pelo que a torna árida, seja pelo que a faz brotar. Olhar para a paisagem verde e viçosa ajuda a recuperar as forças e a esperança.

 

Milena Miziara

Autor: Milena Miziara

Sobre o/a Autor(a) Milena Miziara é jornalista. Desde 2019 também atua como sócia-fundadora da marca de frutas Laverani Orgânicos (SP)


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