Neste momento de pandemia, estamos todos mais reflexivos. Por mais que a gente pense que está no controle da nossa vida, que tenhamos muitos planos, a verdade é que não temos esse controle. Um vírus invisível acaba com a segurança que acreditamos ter, e nos mostra, de forma cruel, que não temos o controle de nada. Como produtora de orgânicos, depois de alguns dias de angústia, refletindo sobre como eu ia conciliar as atividades do sítio com o “ficar em casa”, a pandemia até que tem provocado em mim um efeito positivo. Tem sido um momento de muito aprendizado.
Iniciei minha jornada agrícola há pouco mais de dois anos, sem qualquer conhecimento prévio. Apenas com um sonho alimentado em um curto espaço de tempo. Munida do desejo de manter o sítio na família, da afinidade com o tema da sustentabilidade e o fato de ser consumidora de orgânicos, decidi, com o consentimento da minha família, fazer a transição do sítio para produção de orgânicos.
Cheia de coragem mergulhei de cabeça nesse universo. E foi ficando inviável conciliar o meu trabalho como assessora de imprensa de uma grande montadora de veículos pesados com o projeto de produção de orgânicos. A começar pelo fator geográfico. É que eu morava em Curitiba e o sítio fica em Cândido Rodrigues, no interior de São Paulo.
Nestes dois anos, foram muitas conquistas. Conseguimos a certificação orgânica pelo IBD (Instituto Biodinâmico), escoamos o que produzimos com relativa facilidade – nossa demanda é até maior do que a oferta -, e criamos uma marca: a Laverani Orgânicos, que resgata a história da minha família materna.
Agricultura, no entanto, exige muito conhecimento técnico. É a arte de cultivar o solo para obter alimentos saudáveis e de qualidade. É preciso conhecer e estar atento às necessidades nutricionais das plantas. É aprender a respeitar os tempos e os ciclos da natureza. E a Natureza é indiferente ao novo coronavírus. Ela continua cumprindo seus ciclos independentemente da pandemia.
Por isso é difícil reduzir o ritmo. É difícil ficar em casa.

