No período 2005-2015, o contingente de jovens entre 15 e 29 anos que não trabalham e não estudam, conhecidos como geração Nem Nem, só fez crescer. Saltando de 19,7% para 22,5% do total desta faixa etária. Trata-se de um número assustador e um fenômeno para o qual não existe uma única explicação. É bem verdade, que a taxa de desemprego entre os jovens sempre foi, em média, o dobro da geral. Contudo, a dificuldade em se inserir no mercado de trabalho jamais teve um impacto tão grande na disposição dos brasileiros em buscar caminhos para se reinventar.
Apesar de discordarem das causas, os especialistas concordam que tanto o mercado de trabalho quanto as escolas vêm perdendo a capacidade de atração e sedução. Até porque, salvo raras exceções, o que prevalece é um relacionamento vertical, extremamente hierarquizado, com poucas possibilidades de protagonismo juvenil. O que, por si só, desestimula a noção de pertencimento.
Foi neste contexto que a Recode, organização social baseada na região central do Rio de Janeiro, decidiu usar sua expertise para ajudar outras ONGs a engajarem os jovens Nem Nem. Este trabalho será feito por meio de parceria, sem qualquer custo, para disseminação de cursos de formação de programadores, ministrados no sistema EaD. “Nosso objetivo é fazer uma chamada para que as pessoas possam reprogramar duas vidas, seus sonhos e suas carreiras”, explica Elaine Pinheiro, CEO da Recode. “Acreditamos na tecnologia como ferramenta capaz de disseminar o empreendedorismo e estimular a volta à escola”.
Segundo ela, para se filiar a esta rede, a ONG precisa dispor de uma sala com oito computadores, no mínimo, e manter um educador social em tempo integral. Este profissional receberá a formação de forma contínua para aplicar os cursos desenhados pela Recode, nome oriundo da junção das palavras “recomeço” e “code”, programação, em inglês. As inscrições podem ser feitas até quarta-feira (17/5), por meio do link abaixo, e a expectativa de Elaine é que o curso ajude a ampliar a capilaridade da ONG, que conta com a parceria de 90 organizações em 17 estados. “Queremos elevar para 150 o número de parceiros”.
Um desafio e tanto mas que não deve assustar a entidade que nasceu do sonho do jovem Rodrigo Baggio, em 1995. Na época, ele decidiu interromper uma bem-sucedida carreira na área de informática para apostar na área social. Fundou o Comitê para Democratização da Informática (CDI), cujo primeiro projeto teve como mote a campanha Internet para Todos e se baseou na instalação de salas de informática em regiões carentes. Começou pelo morro Dona Marta, no bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e acabou ganhando o mundo.
A redução expressiva no preço cobrado pelos computadores e a disseminação dos smartphones, principal meio de acesso á internet, no Brasil, fez com que a ONG atualizasse sua missão em diversas ocasiões. Hoje, o foco é o empoderamento e o fomento do empreendedorismo a partir do domínio dos instrumentos da Tecnologia da Informação. “Quem participar do curso será estimulado a desenvolver aplicativos que depois serão analisados por empresas do setor”, explica a CEO do Recode.
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