Carga leve e rápida

O mercado brasileiro de logística movimenta cerca de R$ 400 bilhões por ano. Dentro desta bolada estão desde gigantes do setor como transportadoras com presença de Norte a Sul do país, multinacionais da área de encomendas expressas  (Fedex e DHL) e os Correios, além das transportadoras de pequeno e médio porte. À primeira vista, este não deveria ser um setor para quem deseja atuar de forma independente, começando praticamente do zero e com escala reduzida. Mas este nunca foi o pensamento do empresário Jucélio Oliveira, fundador e CEO da B2Log.

Correr riscos, acertar, errar, abrir e fechar empresas tem sido a rotina deste empreendedor serial. Nos últimos 11 anos ele esteve envolvido na abertura de diversos negócios. Todos com base na visão típica do Vale do Silício, situado na Califórnia e berço da Nova Economia, segundo a qual o fracasso faz parte do aprendizado. Juca, como ele é mais conhecido, começou em 1998 com uma distribuidora de alimentos, que faliu em apenas quatro meses. Depois de um período como empregado de uma grande empresa no setor de viagens, ele resolveu arriscar novamente. Criou o portal Férias.com, que acabou sendo adquirido pela Getnet, em 2008. “Fui abatido pela crise econômica global”, recorda.

Em 2013, ele enxergou no segmento de logística uma oportunidade para usar seus conhecimentos em gestão, adquiridos na faculdade de administração de empresas. Agora, aos 33 anos, ele espera dar seu maior salto, transformando a B2Log, que opera apenas em São Paulo, numa jogadora com presença nacional. A prioridade é montar, até o final de junho, bases em seis cidades: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória. O mercado do Nordeste também está no radar do empresário.

Em se tratando de uma startup que opera no formato lean (poucos funcionários e poucos recursos) e especializada em cargas fracionadas de até 30 Kg de peso, cada, o empreendedor desenhou uma estratégia baseada em parcerias. “Em vez de sair abrindo filiais, vamos buscar contratos de exclusividade com operadores que dominem cada um destes territórios”, destacou.

Com isso, ele espera multiplicar por três os números do negócio, que movimentou R$ 6 milhões no ano passado, garantindo receita própria de R$ 2,2 milhões. A meta para 2017 é dar um salto de 300% no volume de entregas em relação às 350 mil encomendas despachadas, em três anos, para os clientes de sites de comércio eletrônico. Para se preparar para este novo momento, Juca foi ao mercado recrutar pessoas com grande experiência no setor. Uma delas, inclusive, atuou nas gigantes Fedex e DHL.

A expectativa de crescimento se dá num momento delicado para o nicho no qual a B2Log está inserida: a logística para sites de internet. Isso porque, a Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) anunciou o fim do e-Sedex, mecanismo que barateava as entregas, permitindo que as grandes redes de e-commerce trabalhassem com promoções baseadas no frete grátis. “Sempre apostei no fracasso dos Correios nesta área”, diz Juca. “Sabia que eles não teriam fôlego para atuar de forma agressiva por muito tempo.”

Pelas contas do empreendedor, o e-Sedex dominava cerca de 80% das entregas do setor. Por conta disso, o realinhamento de preços deve dar mais fôlego e competitividade às empresas de pequeno e médio porte. Antes, elas tinham margem reduzida de manobra em função do gigantismo da estatal.

Mais do que apenas festejar o vácuo deixado pela ECT, a B2Log está se preparando para ser uma opção confiável para os sites de e-commerce, especialmente no sistema de entrega expressa. Hoje, cerca de 80% dos clientes da empresa comandada pelo empreendedor estão nos segmentos de moda, cuidados animais e gráfico.

Para ampliar o volume, Juca decidiu “uberizar” o negócio, a partir da contratação de proprietários de veículos dispostos a “fazer um bico” como entregador. O processo é todo gerido por um aplicativo desenhado sob medida. “O que fazemos é otimizar o roteiro das pessoas em seu dia a dia”, explica. Com isso, ele espera ampliar o serviço de coleta reversa (usada em caso de devolução de mercadoria), uma das principais dores de cabeça dos donos de sites e do consumidor final.

Atualmente, a B2Log conta com 1,5 mil transportadores agregados: donos de furgões, picapes e vans. Com o novo sistema de contratação, o CEO Juca espera adicionar outros 3,5 mil parceiros à lista. Apesar de o processo de seleção ser simplificado, pois tudo é feito por meio do site da empresa, o empreendedor alerta que a empresa está sendo bastante rigorosa na seleção.

SAIBA MAIS:

Sobre o fim do e-Sedex

Sobre o setor de logística

*Texto atualizado às 16h10min. A versão original continha alguns erros de digitação e de apuração. Pedimos desculpas aos nossos leitores e à fonte, por eventuais problemas.