Inovação de resultados

O setor automotivo brasileiro responde por 22% da produção industrial, 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e gera 11 milhões de empregos. Neste contexto, não chega a ser uma surpresa que as empresas deste segmento continuem desfrutando de um grande prestígio. Especialmente junto ao governo federal. Uma prova disso foi dada hoje pela manhã, em São Paulo, com a presença do ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviço, Marcos Pereira, no seminário promovido pela Ford da América do Sul. No evento de apresentação do novo motor global da montadora (de 1.5 cilindrada e três cilindros), o ministro fez questão de defender o programa Inovar-Auto, lançado em 2012 e que garante incentivos fiscais para as montadoras investirem em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

Trata-se de um programa controverso, criticado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que o classifica como sendo um “subsídio comercial disfarçado”, e por alguns segmentos da indústria local que não foram contemplados com vantagens semelhantes. “São inegáveis os benefícios que o Inovar-Auto proporcionou ao setor”, destacou o ministro. “Até agora, ele já permitiu a implementação de 100 tipos de inovações no setor”.

Alheio às polêmicas que rondam o tema, o presidente da Ford América do Sul, Lyle Watters (na foto que abre esta reportagem), tratou de elogiar o trabalho de engenheiros brasileiros que, segundo ele, tiveram um papel de destaque no desenvolvimento do motor que chega para ajudar a montadora a ampliar sua competitividade e o nível de sustentabilidade ambiental de seus produtos. “A Ford foi a única montadora de volume que cumpriu as metas do Inovar-Auto e vai continuar investindo para manter esse compromisso de oferecer soluções novas e avançadas para os consumidores”, destacou.

De fato, os números jogam a favor da empresa. De acordo com Enio Gomes, diretor de trem de força da Ford América do Sul, a montadora fechou 2016 com uma melhoria de 15,4% na eficiência energética de seus veículos, comparando-se com 2012. “A meta era atingir uma redução de 12% apenas ao final de 2017”, celebrou o executivo. E é exatamente para fortalecer essa imagem de empresa que aposta na mobilidade sustentável que a montadora colocou alguns de seus principais centros de P&D para trabalhar no motor 1.5 cilindradas de três cilindros.

O projeto foi liderado pelos engenheiros baseados na Índia, mas contou com a ativa participação de brasileiros. Especialmente no que se refere à versão flex (gasolina e etanol”, responsável por cerca de 95% das vendas de veículos de passeio no Brasil. A estreia mundial do motor será em veículos comercializados no Mercosul. Os dirigentes da montadora, no entanto, não anteciparam os modelos que ele irá equipar, tampouco o volume de recursos investidos em sua produção. Mas as apostas recaem sobre o novo EcoSport que será apresentado em junho, em Buenos Aires.

Para criar um motor que integra o conceito “downsizing” (diminuição da cilindrada com aumento da potência específica), alta performance e que privilegiasse o baixo consumo, os engenheiros investiram em materiais mais leves (como o alumínio) e soluções inovadoras (como a correia de borracha lubrificada). Estes e outros componentes garantiram ao equipamento a classificação A de eficiência energética do Inmetro/Conpet. Do ponto de vista do consumidor, o apelo é o baixo consumo de combustível (semelhante aos modelos 1.0) com o desempenho de um 1.8 cilindrada.

SAIBA MAIS:

Sobre o Inovar-Auto

Sobre as inovações da Ford

Sobre a política de mobilidade sustentável da Ford