Transformando sobras da colheita de abacaxi em couro

A indústria da moda vive numa espécie de busca frenética por elementos que possam reduzir o grau de degradação que a atividade causa na natureza. Tanto em relação às condições de trabalho dos integrantes da cadeia produtiva, quanto da farta utilização de recursos naturais. Para dar contar das cobranças, designers, empresários e cientistas se uniram na busca de componentes capazes de mitigar os impactos ambientais do setor. Um deles é o upcycling, que consiste na transformação de materiais usualmente descartados, em novas matérias primas.

Foi neste rastro que surgiu o Piñatex, couro vegetal fabricado a partir das sobras das fibras das folhas do abacaxi. Trata-se de um material descartado no ato da colheita e que, até então, não tinha chamado a atenção do setor. O jogo começou a virar com a pesquisa liderada pela cientista espanhola Carmen Hijosa, radicada na Inglaterra. A inspiração veio de técnicas milenares utilizadas na fabricação de tecidos, nas Filipinas.

O processo desenvolvido pela cientista garante a sustentabilidade ao longo de toda cadeia. Isso porque, além de utilizar uma matéria prima que seria descartada, os aditivos são produzidos a partir de matérias primas renováveis, como o milho. Para produzir um metro quadrado de tecido são necessários 480 folhas extraídas de 16 abacaxis. Todo o processo é certificado pela Global Organic Textile Standard.

Apesar de ter sido pensado para o setor têxtil, o couro vegetal Piñatex também chamou a atenção da indústria de calçados e de mobiliário. A lista de grifes que utilizam esta matéria prima inclui cerca de mil empresas, com destaque para a grife de roupas Hugo Boss, a cadeia varejista H&M e a rede hoteleira Hilton.