Quem são: Carlos Eduardo de Faria Ronca e Murilo Casagrande Modolo
Por que são importantes: criaram uma empresa social que atrela a venda de cafés especiais ao financiamento de projetos de mobilidade urbana
Qual a relação entre café e bicicleta? A princípio nenhuma. Mas nem pense em dizer isso para o paulistano Carlos Eduardo de Faria Ronca, sócio-diretor da Bike Café Simples Assim, uma empresa social que usa a gastronomia como base para promover a cultura da bicicleta em São Paulo. A ligação entre os dois mundos começa com o direcionamento de 10% do valor apurado com a venda do produto para projetos ligados ao uso das magrelas. O café é adquirido em uma fazenda situada em Minas Gerais, que atua com o sistema orgânico de produção. Ou seja, livre de agrotóxicos e com respeito às condições sociais – desde o plantio e colheita, até seu beneficiamento. "O verdadeiro diferencial do café é a relação que a marca possui com a bicicleta e a mobilidade urbana", destaca Ronca.
A bebida, no entanto é apenas uma pequena parte do trabalho de Cadu e seu sócio Murilo Casagrande Modolo que são totalmente engajados no empreendedorismo social. As iniciativas sociais derivadas do uso das magrelas ficam a cargo do Instituto AROMEIAZERO. Uma delas é a Oficina para Formação de Ciclistas Entregadores, tocada em parceria com a Carbono Zero Courier e que serve de contraponto ao poluente e arriscado serviço de motoboy. Além de terem se tornado queridinhos do movimento bike de São Paulo, a dupla possui uma longa trajetória na chamada Economia Criativa e no empreendedorismo social. E seu raio de atuação sempre foi muito além do circuito Vila Madalena-Pinheiros-Jardins-USP.
Aliás, pode-se dizer que este trabalho começou na periferia. Foi no empobrecido bairro de Capão Redondo que eles realizaram uma de suas primeiras ações: o Pedala Zezinho, oficinas e atividades em parceria com a Casa do Zezinho, ONG que se tornou o símbolo da revitalização da violenta Zona Sul paulistana. Fizeram o mesmo no Jardim D´Abril, sempre tendo como foco disseminar e incentivar o gosto pelas magrelas entre os jovens. Outra sacada da dupla é o Festival Bike, que reúne ciclistas, artistas (músicos e grafiteiros), além de profissionais de reparo e customização de bikes. "Mais que cicloativistas, nos definimos como empreendedores socioambientais e socioculturais", pontua Ronca. A proposta central é a apropriação de espaços públicos, mostrando que as magrelas também têm direito a uma fatia do espaço viário urbano.
Para fortalecer a marca de café a dupla vêm marcando presença em feiras corporativas e eventos gastronômicos, como o Butantan Food Park. No local, eles estacionam uma magrela adaptada como "bikecafé" e promovem a venda e a degustação do produto, por meio de inúmeras formas de preparação da bebida. Antes de se enveredar pela Economia Criativa, Ronca atuou em empresas de grande porte, como o escritório Mattos Filho, um dos maiores do Brasil, mas sempre manteve um pé no Terceiro Setor. Graduado em direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), com especialização em gestão de negócios ambientais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Cadu se qualificou para atuar como empreendedor verde. Por a vez, o sócio e amigo, Modolo é oriundo da publicidade, mas também foi "picado" pelo bichinho do social. Antes de se juntar à equipe, ele dirigia a prestigiosa ONG Projeto Casulo, baseada na Zona Sul da cidade. Largou tudo para estruturar e tocar o Instituto AROMEIAZERO.