Por uma educação estimulante

Se for para que todos possam aprender a ler bem, escrever bem e para a felicidade geral da cidade de São Paulo, digam ao povo que a progressão continuada está acabada – foi o que anunciou o prefeito Fernando Haddad em agosto. Até que fim alguém ouviu a voz da rua. Há tempos professores, pais e até mesmo alunos

reclamam da ineficiência da progressão continuada. Mas, então, por que só agora se coloca fim a esse sistema? A situação ficou ruim, mas tão ruim, que não dá mais para esconder o fracasso.

A progressão continuada foi criada com o propósito de avaliar o estudante por ciclos. Os alunos do ciclo 1, que vai do 1º ano até o 5º, deveriam aprender determinadas competências e habilidades, entre elas estão: ler, escrever, contar e as quatro operações. O básico.

A ideia é que, com os ciclos, o que o aluno não aprendeu no ano anterior ele pode aprender no próximo. No final do ciclo, o 5º ano, o aluno faz uma avaliação para ver quais conhecimentos foram assimilados e quais ainda faltam.

Muito bem, a ideia parecia boa!

Porém, o ciclo 1 não está cumprindo com o seu propósito, que é alfabetizar. Mas, mesmo assim o estudante é encaminhado para o ciclo 2, que vai do 6º ano até o 9º ano. Os alunos são empurrados de um ano para o outro, sem ter adquirido os conhecimentos necessários. É isso mesmo. A progressão continuada virou o sistema de “empurra-empurra automático”. Não choca mais encontrar aluno do 6º ano, 7º ano, 8º ano e até do 9º ano que não sabe ler e escrever como deveria.

Qual é a consequência? Desinteresse, indisciplina e brigas. E como fica o trabalho do professor nesse cenário? É melhor perguntar no posto Ipiranga, como diz aquela propaganda de TV. Acredito que nem lá terão a resposta. Independentemente da disciplina, hoje o professor não sabe se ensina o seu conteúdo pertinente, ou alfabetiza.

A progressão continuada é uma ideia que não deu certo. Reprovar é a solução? Também não. A solução será encontrada a partir do momento em que o estudante não for visto somente como um corpo que precisa de disciplina, e sim um cérebro que precisa de estímulo e de conhecimentos para desenvolver toda a sua capacidade.

CAMPANHA: SALVE A PROFESSORINHA! 
Um espaço dedicado ao debate dos dilemas de professores da vida real.