O vídeo acima (em inglês) foi gravado em março de 2007, nos Estados Unidos, em um dos encontros do TED (www.ted.com). Contudo, permanece atual.
Isso porque aponta uma visão diferenciada sobre a África e as infinitas possibilidades do continente negro. Além disso, denuncia o discurso fácil da esmola que edifica personalidades globais, organismos multilaterais e faz com que governos, “muitas vezes bem intencionados”, ajudem a preservar e até agravar o ciclo de dependência, de miséria e de abandono ao qual muitos países e grupo étnicos vêm sendo submetidos no últimos 60 anos.
Quando morei em Londres, no início da década de 1990, fui testemunha da imensa e genuína preocupação da imprensa e da população com o que acontecia nas ex-colônias. Contudo, entre o diagnóstico sincero e a ação havia um grande fosso.
Ao mesmo tempo em que os britânicos, de todos os matizes, lideravam campanhas de arrecadação de fundos para ajudar a manter refugiados em “campos insalubres” ou para “comprar um gerador a diesel para escolas rurais”, o café de excelente qualidade plantado na Etiópia e outros produtos agrícolas nos quais os africanos são mais competitivos eram taxados com pesadas alíquotas de importação quando tentavam entrar na Europa.
Conclusão deste humilde escriba: esmola pode, desenvolvimento, não!
Todas as vezes que uma celebridade das artes, da política ou dos negócios adota uma criança africana, lança uma campanha de arrecadação de fundos ou um projetinho simpático para o desenvolvimento de tecnologias de “baixíssimo custo e baixíssimo impacto” destinados a ajudar a África e os africanos, tenha a certeza absoluta de que os descendentes de meus ancestrais terão garantido mais uns 50 anos de miséria, perpetrada por pessoas “boas e bem intencionadas”.
Felizmente, alguns empreendedores comprometidos com a efetiva solução do problema, como parece ser o caso de Bill e Melinda Gates, estão investindo na produção de vacinas e de medicamentos específicos para doenças “de pobres”, como a malária.
Sem dúvida, uma evolução em relação a década de 1990, mas ainda muito pouco diante do que pode ser feito. Sem paternalismo, dirigismo e, acima de tudo, baseado na ética. Política e econômica.