Salvem a professorinha!

Enxergo a escola pública como uma jazida da qual pode ser extraída todo tipo de matéria prima. Porém, diferentemente de outras jazidas, dela não serão extraídas ouro, minério de ferro, bauxita ou qualquer outro mineral. Raro ou não. Mas sim escritores, professores, médicos, pesquisadores, músicos, enfim, uma gama incalculável de profissionais que deverão brotar dos bancos escolares para fazer a diferença no mundo.

A escola pública em São Paulo e, certamente no Brasil, é uma fonte inesgotável de abastecimento para o nosso potencial energético. Contudo, tendo em vista a capacidade da jazida comparada aos recursos investidos para sua extração, ota-se que o aproveitamento tem sido quase zero.

Assim que alguma jazida de minério, por exemplo, é descoberta, dela se procura retirar o máximo, através do mínimo de perdas. Porém, o raciocínio se inverte quando olhamos para a escola pública. Dela se extrai o mínimo, com o máximo de perdas e despesas. Qual seria a razão desse subaproveitamento de talentos? A resposta não é simples. Contudo, acredito que um dos motivos para que isso aconteça é que no espaço público os cidadãos, especialmente os mais carentes, são tratados de forma assistencialista e vistos como coitados e incapazes.

*Coordenador do cursinho pré-vestibular Coletivo Griot XX de Novembro, de São Paulo, e professor de alfabetização no Centro de Educação e Organização Popular (CEOP) e professor de geografia na Escola Estadual Alberto Torres (SP)

CAMPANHA: SALVE A PROFESSORINHA!
Um espaço dedicado ao debate dos dilemas de professores da vida real.