Por Rosenildo Ferreira, especial para Coalizão Verde (1 Papo Reto e Neo Mondo)
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do mundo. Apenas nos último 12 meses, o ritmo de devastação avançou 66%. E isso pode ser constatado facilmente por quem viaja pela faixa litorânea ou mesmo pelo interior das cidades situadas entre os estados de Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Contudo, dentro deste rico bioma, que começou a ser vilipendiado em 1.500 com a extração maciça de pau-brasil, existem espécies que enfrentam um grau ainda maior de extinção. Uma delas é a araucária, também conhecida como o pinheiro brasileiro e que se encontra sob ameaça de extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
É neste contexto que deve ser vista a decisão da subsidiária da Tetra Pak de escolher o reflorestamento e a conservação das araucárias como base para seu primeiro projeto de sustentabilidade baseado na natureza. Em termos globais, a ambição da companhia é reduzir em 46% as emissões de fases de efeito estufa de sua cadeia de valor, até 2030, tendo por base os dados de 2019.
Para levar esse trabalho adiante, a gigante da área de embalagens, cujas receitas somaram R$ 6,3 bilhões, em 2021, fechou parceria com a ONG Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), que vai possibilitar a recuperação de sete mil hectares de matas, equivalente a 9,8 mil campos de futebol, nos estados de Paraná e Santa Catarina. A estimativa é concluir o trabalho em 10 anos.
“Essa iniciativa possui um potencial de retirar da atmosfera 70 mil toneladas de carbono/equivalente”, destaca Valéria Michel, diretora de Sustentabilidade da Tetra Pak no Brasil. O pontapé inicial do projeto será em uma área de 80 hectares, em Urubici (SC). No local, além da araucária serão realizados testes com outras espécies: pinheiro-bravo, casca-d’anta, goiaba-da-serra e cedro.
A executiva explica que os testes serão importantes para validar a metodologia de plantio, além de gerar um aprendizado no relacionamento com a comunidade. É que apesar de existir mais informações sobre a importância da preservação dos biomas, nem sempre essa mensagem é assimilada pelos proprietários rurais. “Nosso maior desafio é a questão cultural”, diz.
Para vencer eventuais resistências, a Tetra Pak pretende inscrever o projeto em programas de geração de crédito de carbono. Dessa maneira, os agricultores que aderirem serão remunerados por prestação de serviços ambientais. “O reflorestamento precisa ser encarado como uma possibilidade de ganho sistêmico que beneficie também o agricultor, especialmente os de menor porte”.
Trata-se de um cuidado é vital. Afinal, como o projeto foi concebido na lógica de corredor ambiental e para ser bem-sucedido será necessário contar com a adesão maciça dos donos de terras situadas em sua área de influência. “Queremos incentivar outras empresas a seguirem o mesmo caminho. Afinal, existe muito a ser feito pela recuperação da Mata Atlântica”, conclui a executiva da Tetra Pak.
Saiba mais sobre a devastação da Mata Atlântica, no período 2021-2022