Está pior do que aquelas continuações de filmes de terror classe B. Falo da situação do Distrito Federal (DF), onde está a cidade de Brasília, também conhecida como nossa capital.
Não bastassem os políticos corruptos que administraram o DF nos recentes anos e foram derrubados do poder – embora andem pelas ruas, frequentem locais públicos, festas etc. como se nada tivessem feito, aparecido em vídeos pra lá de comprometedores ou encarcerados – a aparente incompetência administrativa ainda vitima os brasilienses e demais cidadãos das cidades do Distrito Federal, uma população que suplanta os 2,8 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Não vou enumerar as mazelas porque basta consultar um portal de pesquisas na internet e ver os detalhes tenebrosos de uma gestão (sic) pública conturbada.
Chamo de “aparente incompetência administrativa” porque não investiguei a fundo o que levou o atual governo que se despede do Palácio do Buriti – sede do governo do DF – a legar uma situação caótica em termos de pagamentos de serviços, produtos e pessoal e cuidados com as cidades do DF. Assim, a atual equipe governamental da dupla PT-PMDB repete o que herdou na transição de governo há quatro anos, simplesmente.
E os atuais governantes ainda correm o risco de virem a ser punidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, se for comprovado o desmando nas contas públicas. Mas claro que fizeram suas manobras para evitar isso (veja mais adiante).
Em 24 de dezembro de 2010 o jornal Correio Braziliense (leia os trechos abaixo) trazia ampla reportagem na qual Agnelo Queiroz dizia que estava recebendo de Rogério Rosso uma ‘herança maldita‘:
“O encerramento do trabalho da equipe de transição não trouxe boas notícias para o governador eleito, Agnelo Queiroz (PT). Ao ter acesso na quinta-feira (23/12) ao relatório final dos técnicos sobre a situação dos órgãos que compõem a estrutura do Governo do Distrito Federal (GDF), o petista declarou que recebeu do atual gestor Rogério Rosso (PMDB) uma “herança maldita”. Agnelo classificou a administração do peemedebista como “desorganizada e descontrolada”.
Entre os problemas detectados estão: o sucateamento das unidades de saúde, descontrole nos gastos públicos, ausência de recursos da ordem de R$ 181 milhões para obras em andamento e inadimplência de pelo menos R$ 54 milhões com o governo federal.
Com as empresas de lixo, a dívida identificada é de R$ 35 milhões. Diante do diagnóstico, o petista, que toma posse no próximo dia 1º, anunciou que fará um pente-fino nas contas e nas medidas tomadas na reta final da atual gestão, além de cortar cargos comissionados.”
O 4º parágrafo da reportagem dava voz ao então novo governador indignado com as mazelas dos antecessores. Rogério Rosso passou o bastão a Agnelo. Ele foi um governador-tampão em razão da derrocada de José Roberto Arruda e seus companheiros, apeados do poder antes de concluirem o mandato):
“Vou fazer uma análise muito detalhada dos relatórios. O que estamos constatando é que recebemos uma herança maldita. A cidade está desorganizada, suja, com buracos e o capim e o lixo tomando conta das áreas. A situação econômica é extremamente precária.
Há um déficit no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. E também existe muita desorganização em setores públicos, como Saúde, cuja situação é dramática e de calamidade”, criticou Agnelo, acrescentando que fará uma análise de todos os contratos do governo local.
É irônico. Há quatro anos, Agnelo representava a esperança de melhoria para os combalidos eleitores do DF. Lendo o mesmo texto, agora, vemos que era tudo falsa esperança.
A situação é péssima. Há gente sofrendo, em especial, os que dependem de transporte e de serviços públicos de saúde, estudantes, entre outros.
Recentemente, o colunista de O Globo Ricardo Noblat publicou artigo intitulado “A herança maldita de Agnelo Queiroz, governador de Brasília”. Faltou colocar o “2” no título porque o próprio Agnelo intitulou a que recebeu de “maldita”.
Diz o trecho do texto da coluna: “Não é por acaso que o atual governador é campeão em rejeição. Agnelo Queiroz é o governador com o segundo maior índice de rejeição entre os 27 do país. Só não tem avaliação pior do que Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte.”
A nova equipe de governo, encabeçada pelo político Rodrigo Rollemberg, estima que o buraco (em $) que Agnelo deixará passa dos R$ 2 bilhões. Assim como o Executivo federal, o governador do DF recorreu ao rolo compressor no Legislativo para tentar fechar as contas.
Na Câmara Legislativa, Agnelo conseguiu aprovar projeto que autoriza a venda de títulos da dívida ativa, uma tentativa de atrair até R$ 2 bilhões para evitar a pena da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Poxa que final de ano! Dá para reclamar de boca cheia, mas se aqui tá ruim, imagina no Rio Grande do Norte…