Prejuízos com a pandemia têm cor e sexo

No dia a dia já existe a percepção de que a pandemia de COVID-19 está causando maiores efeitos negativos nos grupos já vulnerabilizados da sociedade: mulheres e afro-brasileiros. Pesquisa do Datafolha sob encomenda do C6 Bank, mostra esse fenômeno em números: 61% de pretos e pardos (classificação do IBGE) tiveram a renda familiar reduzida, contra 54% dos brancos.

Por sua vez, 49% das mulheres ouvidas disseram se sentir mais estressadas com relação às questões financeiras ante 38% dos respondentes do sexo masculino. O levantamento ouviu 1.503 integrantes de todas as classes sociais, em nível nacional, e possui margem de erro de três pontos percentuais.

O peso da recessão, decorrente das medidas que paralisaram boa parte da economia, também foi ainda mais pujantes sobre autônomos e freelancers. Nada menos que 8 entre 10 profissionais dessa categoria relataram diminuição de demanda e, consequentemente, de renda. No geral, 45% dos entrevistados disseram que as ofertas de trabalhos foram paralisadas. Entre os negros e pardos, a suspensão atingiu 50% do contingente. Esse grupo, que inclui profissionais liberais, representa 18% da população brasileira.

"O impacto da pandemia sobre o mercado de trabalho aprofunda desigualdades, ao lançar, proporcionalmente, mais pretos, pardos e pobres ao desemprego e à informalidade", diz Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Datafolha.