A miss negra da capital

“Queriam que eu alisasse meu cabelo, afinasse meu nariz, mudasse meus traços, então, resolvi desistir” – a frase é da nova Miss Distrito Federal, Amanda Balbino, em entrevista ao jornal Correio Braziliense e repetida à BandNews FM. Amanda é a primeira representante da raça negra a ser coroada Miss DF, a Miss da Capital do Brasil.

O concurso ocorreu dia 11 de julho. “Desistir”, no caso, da carreira de modelo, disse Amanda. A pressão da galera da beleza sempre veio ancorada no preconceito racial, segundo ela.

Isso a influenciava a querer ter cabelos, olhos e até estatura similar às amigas brancas.

“A gente luta para que a cor da ganhadora nem precise ser noticiada mais, que isso seja encarado de forma natural; que se veja mais essa beleza, porque muita mulher negra acaba achando que não é digna”, afirma, com muita convicção ao jornal.

“Achava que não tinha condições, chances (de disputar título). Lutei muito e estou muito feliz de representar a diversidade do DF”, comemora.

O preconceito que sofreu impactou mas não a impede de ter orgulho da recente conquista. E já projeta como seu exemplo de dedicação e superação vai estimular outras pessoas: “É uma responsabilidade grande. Espero abrir as portas para que outras meninas acreditem em seus sonhos e que possam brilhar”, afirma.

Moradora da Asa Norte, ela, no entanto, representou outra região administrativa, o Núcleo Bandeirante. Apaixonada pelo futebol, torce pelo Fluminense. “Meu sonho é cuidar das pessoas, inspirá-las. Serei psicóloga, com muita bagagem e experiência”, diz sobre o futuro. Mas, por enquanto, ela quer ter foco na carreira de modelo, aquela mesma a que fora “afastada” pelo preconceito.

Portanto, vencida esta batalha pelo Miss DF, Amanda já se prepara para o título mais almejado do segmento: o Miss Universo. O difícil vai ser conciliar o desafio com o curso de Psicologia na Universidade de Brasília.

Sergio Cross é diretor da Profissionais do Texto Agência de Comunicação