Arte ou vandalismo. O que vai ser?

No meu primeiro texto do ano, trarei para vocês um artista brasileiro nato que de uma forma ou de outra conseguiu seu lugar ao sol no mundo das artes plásticas em geral. Dias atrás, estava eu sentado no sofá de casa vendo o programa “Encontro com Fátima”, da TV Globo, e nele estava havendo uma discussão a respeito da arte de rua. Ou seja: pichação como vandalismo e grafite como uma redenção do ato de pichar. O artista que ali estava para tal discussão, e mostrar seu trabalho, é o conceituado grafiteiro Oswaldo Campos Junior, nascido em 1966, na cidade de São Paulo,  e mais conhecido como Juneca.

Assim como Jean Michael Basquiat foi importante na Pop Art em Nova York nos anos 1980, Juneca não fez diferente aqui em São Paulo. Sua arte no início se deu por um meio bastante comum, utilizada pela maioria dos grafiteiros: a pichação. Por meio de traço simples, porém diretos e capazes de tocar que os visse,  Juneca deixou sua marca na história da arte urbana.

Mas, voltando à questão da discussão no programa, a pichação também não poderia ser vista como arte? Pois se arte é o ato de a pessoa expressar o que vê e o que sente do mundo, por que não? Por outro lado, muitas vezes para a maioria das pessoas o que conta é se há muitas cores ou não. Mas o que configura o “ato de vandalismo”, independentemente do número de cores utilizadas, é se o trabalho foi feito ou produzido de modo que tirou o direito do outro. Aí a própria ação em si se torna um ato de vandalismo.

Juneca, que hoje se apresenta como um  artista plástico e possui o currículo exposições em muitas cidades pelo Brasil afora e em países da Europa como a França. Isso, sem contar os diversos trabalhos de peças publicitárias assinadas por ele.

Assim, para alguns a pichação pode ser até uma escola para se tornar um grafiteiro por excelência, pois ao levar uma vida no anonimato e na clandestinidade o artista se blinda dos olhares daqueles que se acham críticos da arte urbana. Algo impossível por se tratar do sentimento e visão de mundo de cada artista.

Então, na minha humilde opinião, falar em programas de auditório matinal sobre um tema complexo como este, corre-se o risco de ficar na superficialidade, justamente pelo fato de esta arte ser totalmente orgânica e efêmera.

Sendo assim, que bom que existem artistas como o Juneca, que faz com que percebamos que certas manifestações artísticas independem de espaços fixos para expor e apresentar seus trabalhos, pois as ruas estão aí para serem o grande suporte deste tipo de expressão artística.

Boa semana para todos!

Rodrigo Garcia é designer gráfico e arte-educador.

Para ele, o que o move no mundo é a possibilidade de ver a arte, seja ela em grafite, ilustração ou em tela