Encontro geracional

Gerações diferentes coexistindo no mesmo ambiente de trabalho? Para os gurus que inventaram as denominações X, Y e Z, é conflito na certa. Os mais velhos acham que os mais jovens não respeitam a hierarquia, já os mais jovens acham que os mais velhos têm preconceito com a tecnologia.Talvez os manuais jamais sonhassem com a história de sucesso que foi a contratação de um senhor de 68 anos de idade como estagiário em uma agência de publicidade paulistana.

Essa foi uma das histórias ouvidas na abertura do 19º Congresso Brasileiro da Comunicação Corporativa, iniciativa da nossa parceira Mega Brasil, no Hotel Macksoud Plaza, nesta terça-feira, 17/5, em São Paulo. Na Arena da Inovação, o tema era A Tecnologia que Revoluciona e a Comunicação que Impacta as Diferentes Gerações no Ambiente de Trabalho.

APP é solução para tudo?

A agência da história é a DMV e quem contou o case do José Guilherme, de 68 anos, foi Sergio Molina, seu atual patrão – que tece muitos elogios ao estagiário sênior. “Ele é muito bom, se integrou e trouxe proatividade à empresa.”

Às vezes, o conflito geracional impera. Nas provocações bem-vindas do mediador Kleber Mazziero, para que, afinal, serve o Waze se não conseguiu salvar a vida de uma mulher que morreu esmagada por uma árvore na última tempestade em SP? Será que os APPs são a solução de tudo?

Talvez sim, talvez não. Mas no caso do Waze, diz Guto Ferreira, CEO da Confia, a colaboração dos usuários foi o que diferenciou o APP do já conhecido e utilizado Google Maps.

A colaboração entre pessoas foi o pulo do gato – e ela depende de pessoas qualificadas, resumiu Guto. “O bom profissional se distingue pelo seu conteúdo”, afirma. Uma junção de colaboradores sem aprimoramento pessoal não funciona: nem como o melhor dos APPs em mãos.

O psicólogo Celso Braga, diretor-executivo da Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano, pontuou: “Colaborativo é a co-construção do espaço onde se vive”.

A dinâmica do painel foi interessante. Nas primeiras duas apresentações, de Marina Miranda, sócia do Crowd Envisioning e diretora-geral da Mutopo Brasil, e de J.P. Braconti, da ESPM, houve elogios às mudanças tecnológicas, como financiamento coletivo, Waze, óculos que “veem como câmeras”. Já nas últimas, com participantes mais velhos, houve uma crítica construtiva aos aparatos modernos – no sentido de lembrar o lugar do humano entre tantos gadjets.

Já se sabe que é um caminho sem volta, como provocou Marina diversas vezes: “Vocês conseguem imaginar passeatas na Avenida Paulista sem a internet? Alguém consegue pensar na vida sem o Waze?”.

Talvez a chave para o entendimento dessas falas em conjunto esteja justamente no aspecto humano e em sua valorização perene – que a tecnologia nunca perca isso de vista. Valorizar, por exemplo, a experiência de vida. Quem viveu mais tem repertório. Ou alguém duvida que o maior beneficiário da presença do sexagenário estagiário seja seu colega de trabalho mais novo?

O evento da Mega Brasil vai até quinta-feira, 19/5, desta semana.