Graças à disseminação da tecnologia, o jeito de trabalhar está mudando. E isso acabou influenciando na maneira de as empresas recrutarem trabalhadores e das pessoas buscarem emprego. Neste contexto, passamos a contar com a possibilidade de desenvolver nossas carreiras, quer seja como empregados ou empreendedores,mesmo tendo um patrão. Este foi o fio condutor da palestra A Gestão Tradicional dentro das Empresas já Era! E o que Será?, proferida pelo empreendedor Alexandre Pellaes, 41 anos, na manhã do primeiro dia da 3ª edição do Festival Path 2016, que acontece em São Paulo.
Alexandre ficou famoso pela criação da 99Jobs, uma startup que mudou a forma de recrutar talentos. Muitos de seus postulados e mantras têm uma forte conexão com as teorias que pregam a gestão compartilhada das empresas. No modelo considerado ideal por ele, a hierarquia não existe. “Trata-se de um processo anárquico, por assim dizer, mas no qual adicionamos uma pitada de ordem”, destaca. “O que temos é uma hierarquia de estrutura e não de poder.”
Contudo, ele reconhece que não é fácil trabalhar dentro de um modelo tão disruptivo. Para evitar frustrações de ambas as partes, ele recomenda uma mudança de mindset dos responsáveis pelo recrutamento de talentos. Por este modelo, o correto é que a área de Recursos Humanos vá atrás de pessoas capazes de trabalhar de forma autônoma. Porém, e se o melhor candidato para a função não contar com essas habilidades? Bem, na visão do empreendedor serial, o ideal é que a empresa seja capaz de treinar este candidato.
De acordo com o sócio-fundador da 99Jobs, que hoje está à frente da consultoria EXBOSS, essas técnicas de gestão e esta nova forma de encarar o mundo do trabalho não surgiram para acomodar os integrantes da geração milênio – formada por jovens altamente tecnológicos, antenados e que têm pressa por resultados. Mas sim como uma forma de evolução do próprio capitalismo e do jeito de gerir negócios de sucesso.
OK. Quando se trata de uma startup é fácil ser inovador e disruptivo. Mas e numa empresa grande? “Não há diferença”, dispara Alexandre, que cita como exemplo a Gore, uma gigante da área de tecnologia fundada em 1958, nos Estados Unidos, que fatura US$ 3,2 bilhões. “Eles contam até mesmo com uma filial no Japão, onde as pessoas foram criadas para seguir hierarquias rígidas!”
EMPREENDEDORISMO
No entanto, nem mesmo este cenário de novidades, de muita inovação e de múltiplas possibilidades, está livre de armadilhas. A principal delas, diz Alexandre, está na forma como os brasileiros, especialmente os jovens, estão entrando na onda no empreendedorismo. Especialmente em um país no qual muitos ainda buscam o conforto e a segurança do emprego público. “O crescimento do desejo de empreender é muito mais um sintoma de que algo está errado no mercado de trabalho, do que um fenômeno baseado no apetite do jovem pelo risco”, destaca. “Não há qualquer problema em buscar um emprego estável.”
Para o fundador da 99Jobs e da EXBOSS, nesse cenário é importante ficar atento às armadilhas. A principal delas está relacionada às fórmulas e atalhos para o sucesso. “Tem muita gente por aí querendo enganar os jovens”, dispara. “Muitas ‘celebridades’ de Facebook começam a vender serviços e produtos de marketing como sendo uma fórmula infalível.”
*Texto atualizado às 14h30