Sinal verde

A mineira Green Co. se notabilizou como uma das grifes mais atuantes do movimento Fashion Revolution, no BrasilQuem é: Cassius Pereira da Silva Por que é importante: criou uma das mais vibrantes grifes independentes de moda, composta unicamente de produtos sustentáveis É difícil conversar com o mineiro Cassius Pereira da Silva, 36 anos, sem ficar contaminado com a filosofia da sustentabilidade. E essa espécie de catequese acontece de forma natural, a partir da empolgação com que ele fala de suas tacadas à frente da grife de roupas e acessórios Green Co. A marca nasceu literalmente na mesa de um bar na região da Savassi, em Minas Gerais, quando Cassius conversava com o colega da faculdade de engenharia ambiental. Desde o início, a ideia era apostar em produtos diferenciados, feitos com insumos certificados e produzidos pelas regras do Comércio Justo. Pois bem. Nestes 11 anos, a Green Co. viveu períodos de altos e baixos ao sabor dos solavancos da economia brasileira. Mas nunca abriu mão de seus postulados: “Para nós, a sustentabilidade não se resume ao discurso, mas sim a um componente do DNA da estratégia do negócio”, diz ele. Aliás, estes postulados estão impregnados, também, nas demais atividades do empreendedor. Tanto isso é verdade que sua mais nova tacada é a produção de azeite extra virgem, num sítio que mantém na zona rural da histórica Ouro Preto. A área de 25 hectares está em processo de reforma e ressignificação. Os 50 pés de oliveiras ocupam apenas 5 hectares, e o restante, que era utilizado como pasto para gado, está sendo convertido em uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). “Estamos plantando espécies da flora local, cujas mudas são cultivadas por pequenos sitiantes”, explica. As oliveiras dialogam com o futuro da grife. O modelo de crescimento idealizado há três anos, que levava em conta a abertura maciça de lojas sustentáveis, instaladas dentro de contêineres autossuficientes em produção de energia, água e com sistema de tratamento de esgoto, foi abandonado. Para o fundador da Green Co., seu futuro passa pela criação de espaços multifuncionais. O primeiro deles deve ser aberto em Belo Horizonte ou Brasília, até meados de 2018. A ideia é que a série de estruturas de contêineres abriguem diversos negócios: uma loja da grife, um empório de produtos orgânicos (in natura e processados, incluindo o azeite da marca) e um restaurante com produtos certificados. O custo de implantação de cada complexo está estimado em R$ 150 mil. [caption id="attachment_14568" align="alignleft" width="300"] Espaço multiuso de venda de produtos verdes[/caption] A divisão de roupas e acessórios será trabalhada tanto no varejo quanto no atacado, a partir da rede de quatro lojas batizadas de Green Co.nteiner, duas em Belo Horizonte, Campo Grande e Búzios, e pelo e-commerce da marca. “O comércio físico embute custos elevados e apostar no crescimento por meio de franquia, neste momento da economia brasileira, não faz o mínimo sentido”, destaca Cassius. Apesar das dificuldades vividas ao longo do percurso, o empreendedor garante que jamais pensou em desistir. Para ele, a sustentabilidade já se converteu num apelo que diferencia as marcas aos olhos de um grande número de brasileiros. Tanto que a Green Co. desfilou na passarela do SP Fashion Week nas edições de 2016 e 2017. Facilitou neste processo o desenvolvimento de fornecedores locais de roupas e acessórios (de moda e esportivos) que incluem o portfólio da Green Co. Hoje, o site conta com centenas de itens. As roupas são feitas com algodão orgânico certificado, tecidos com fibras PET de embalagens pós consumo e de fibra de bambu. Acessórios como óculos utilizam madeira descartada. Muitos deles são fornecedores exclusivos da grife.