Até o dia 31 de julho é possível se inscrever na disputa por uma das 118 vagas destinadas ao setor de digitalização da Oi S/A, empresa de telefonia baseada no Rio de Janeiro. Este poderia ser um processo seletivo corriqueiro, a exemplo dos demais abertos pela companhia nos últimos anos, não fosse por um detalhe: 10% dos postos estão destinados aos ex-alunos do Colégio Estadual José Leite Lopes, situado no bairro da Tijuca. A conexão entre o mundo acadêmico e o mercado de trabalho é a parte mais visível dos projetos de educação do Instituto Oi Futuro, criado em 2000 e bancado pela operadora. Somente no ano passado, foram investidos R$ 9,1 milhões nesta área.
É neste contexto que se explica a preferência dada a quem passou pelo José Lopes. Lá, funciona uma das duas unidades do Núcleo Avançado em Educação (Nave). A outra fica na Escola técnica Estadual Cícero Dias, em Recife. Fruto de Parcerias Público Privada (PPPs) com as secretarias de educação destes estados, o programa foca em habilidades ligadas à Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) cujas disciplinas estão alinhadas à grade curricular.
“Quando começamos o projeto, imaginávamos que iríamos ajudar a formar o profissional do futuro”, diz Carla Uller, gerente de educação e inovação social do Oi Futuro. “O rápido avanço da tecnologia mostra que o futuro chegou”. E os números reforçam os acertos da metodologia baseada numa educação 360 graus que conecta as disciplinas profissionalizantes à grade convencional, valorizando a cocriação.
As duas escolas são campeãs em aprovação no Enem na rede pública, nos respectivos estados. Além disso, 25 jogos desenvolvidos pelos alunos estão disponíveis em lojas digitais. Mais. Neste período, internautas de todo o planeta fizeram 600 mil downloads de jogos gratuitos feitos por estes jovens.
Dos 2,4 mil alunos graduados desde o início do Nave, 74% ingressam na universidade e 36%, do total, optam por entrar mais cedo no mercado de trabalho. Alguns deles até se aventuram como empreendedor na área de TIC.
De acordo com a executiva, mais do que gerar mão de obra para a Oi ou para o setor de TI, a ambição do Instituto é desenvolver um ecossistema de inovação, capaz de beneficiar a sociedade em diversas áreas. Foi de olho nisso que o projeto teve seu pontapé no Recife, no rastro no Porto Digital – considerado o Vale do Silício brasileiro. Chegou ao Rio de Janeiro em 2008, como forma de aproveitar uma das estruturas herdadas da Telerj, a estatal de telefonia cujos ativos foram passados à Oi no processo de privatização.
Carla diz que a situação econômica vivida pela operadora, que está em recuperação judicial vergada por uma monstruosa dívida de R$ 65,4 bilhões, não tem interferido nos projetos sócio-educacionais. “O instituto está preservado e continua sendo encarado como um braço estratégico para a empresa”.
SAIBA MAIS:
Sobre o projeto pedagógico do Nave
Sobre a recuperação judicial da Oi
*Texto atualizado às 14h de 14/7