Scania desafia montadoras chinesas com seu ônibus elétrico, fabricado totalmente na Suécia

Scania desafia montadoras chinesas com seu ônibus elétrico, fabricado totalmente na Suécia

Por Rosenildo Ferreira, especial para COALIZÃO VERDE (1 PAPO RETONEO MONDO e O MUNDO QUE QUEREMOS) 

No mundo empresarial, o senso comum recomenda que não se deve entrar em disputas com a China. Afinal, o Império do Meio (Zhōngguó, em mandarim) se consolidou como um gigante econômico e uma potência industrial, focado em inovação, que concentra a fabricação da maioria dos itens consumidos em todo o planeta, graças, em boa medida, aos custos imbatíveis. Apesar disso, os suecos da Scania resolveram “correr esse risco” na hora de desenvolver um ônibus 100% movido a eletricidade (e-bus), cujos componentes são integralmente Made in Sweden. A começar pela bateria, considerada o “coração” de veículos do tipo, que é produzida na cidade de Södertälje em uma joint-venture com a conterrânea Northvolt, gigante do setor.

“Nossos veículos vão emitir 90% menos CO2 (dióxido de carbono) em relação aos concorrentes, pois nossa bateria é `verde´ e possui procedência de sustentabilidade em todo o processo produtivo”, destaca Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Scania Operações Comerciais Brasil. O K 230E B4x2LB – apresentado à imprensa na segunda-feira, 24, em um rápido percurso – impressiona pela ausência de ruído. Com o veículo, a subsidiária espera consolidar sua posição no segmento de transporte urbano de passageiros. Comercializado em duas versões, para 70 e 80 passageiros, o e-bus será a principal atração da montadora na Lat.Bus 2024 – Feira Latino-Americana do Transporte, que acontece em agosto, em São Paulo.

A produção local, em São Bernardo do Campo, cidade da Região Metropolitana de São Paulo, começa em março de 2025 e as primeiras entregas estão previstas para setembro. A tecnologia é a mesma empregada nas fábricas da Suécia e da Polônia, países nos quais o e-bus já é parte integrante de frotas urbanas. A versão brasileira é resultado de investimentos de R$ 60 milhões e de uma longa curva de aprendizagem, iniciada em 2021, quando desembarcou por aqui o Chassis C, nome de batismo do protótipo. “O ônibus que vai rodar no Brasil já será o da terceira geração do projeto, pois tivemos de fazer inúmeros ajustes para nos adequarmos às necessidades dos clientes locais e dos encarroçadores, além de nos diferenciarmos da concorrência”, conta o executivo.

A lista de modificações inclui a opção por uma bateria NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto) em vez das populares LFP (lítio-fósforo-ferro). Com isso, o motor consegue entregar mais potência e mais torque, sem comprometer a autonomia, algo essencial para deslocamentos urbanos em médias distâncias. Cada carga permite que o motor de 230 kW cumpra um percurso entre 250 km e 300 km, dependendo o modelo, em condições severas: com o ar condicionado ligado e carga máxima de 80 passageiros, rodando em pisos irregulares e trechos em aclive. A bateria do veículo terá uma vida útil de 1,2 milhão de quilômetros, semelhante à dos ônibus convencionais, o que, na visão dos executivos da Scania, impacta no valor de revenda, possibilitando a criação de um mercado secundário, como o que já existe em relação aos demais modelos.

Mercado aquecido

Do ponto de vista de mercado, o ônibus elétrico da Scania não poderia ter chegado num momento mais propício. A pressão de ambientalistas por uma mobilidade urbana mais limpa e a chegada de novos fabricantes, como a chinesa BYD, fez com que diversas empresas e prefeituras aumentassem a demanda por esses veículos. Uma delas é a cidade de Curitiba cujo plano é eletrificar 100% da frota até 2050. As primeiras 70 unidades serão entregues ao longo deste ano como resultado do acordo com quatro montadoras: BYD, Volvo, Eletra e Marcopolo, ao custo de R$ 317 milhões.

Na estratégia da Scania, o e-bus ocupa uma parte importante. Contudo, não é visto como uma “bala de prata”. Afinal, em um país de dimensões continentais ainda não existe viabilidade para uma solução 100% elétrica em viagens interestaduais, por exemplo. Colaboram para isso a falta de uma rede de postos de carregamento, além da indisponibilidade de energia elétrica para atender uma demanda massiva em horário comercial, onde se concentra o pico de consumo.

interna onibus eletrico scania 1 papo retoScania vai investir R$ 2 bilhões no período 2025-2028 

Por conta disso, os executivos da montadora sueca reforçaram em seus discursos a manutenção dos demais componentes da linha de ônibus que inclui quatro modelos a diesel e um a gás. “O produto elétrico reforça o portfólio e não substitui outra matriz energética atualmente comercializada”, destaca Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil.

Ele celebrou o desempenho da montadora no segmento de ônibus urbanos, no acumulado janeiro-maio. De acordo com o release elaborado pela assessoria de imprensa, no mercado em que a Scania atua, acima de 8 toneladas, somando chassis rodoviários e urbanos, a marca emplacou 237 unidades em 2024, numa alta de 137% sobre as 100 unidades do mesmo período, de janeiro a maio de 2023. É o maior crescimento entre todos os concorrentes. A participação subiu de 1,3% para 4,8%. Aliás, a Scania começou o ano embalada por ter sido a fabricante que obteve o melhor resultado sobre 2022, no acumulado de 2023, com alta de 62,7% (de 287 unidades para 467). 

Já nas vendas de rodoviários, a Scania tem um destaque absoluto no acumulado do ano versus 2023. A Scania registrou 235 chassis, acréscimo de 137% sobre as 100 unidades dos mesmos cinco primeiros meses do ano passado. A Scania cresceu em todos os comparativos cumulativos de 2024 com 2023. Mas, dentre todos os concorrentes, a Scania foi a única que aumentou os números mês sobre mês; começou com 6,5% em janeiro, subiu para 61,1% em fevereiro, 79% em março e 128% em abril, sempre levando em consideração os períodos somados de janeiro até o mês respectivo.

A participação geral aumentou de 6,6% para 13,6%. “No importante recorte no segmento acima de 300cv, de motor traseiro, no qual a marca se destaca ainda mais, a participação subiu de 17,8% para 27,6%, ou quase 10%”, revela Gustavo Cecchetto, novo gerente de Vendas de Soluções para Mobilidade da Scania Operações Comerciais Brasil. 

*com informações da assessoria de imprensa da Scania

Coalizão Verde

Autor: Coalizão Verde

Sobre o/a Autor(a) Coalizão Verde é a união dos portais de notícias Neo Mondo, O mundo que queremos e 1 Papo Reto com o objetivo de maximizar os esforços na cobertura de temas ligados à preservação ambiental.


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