Educação sem fronteiras

Quem é: Alberto Beeck
Por que é importante: o ativista social peruano se tornou o maior filântropo latino-americano residente nos EUA

Os Estados Unidos são celebrados por seu sistema econômico e político baseados na meritocracia e no qual a interferência do estado é mínima. Em alguns aspectos até perto de zero. Só que como em qualquer outro sistema, as pessoas estão sempre sujeitas a sofrer "efeitos colaterais". E no caso de uma parcela expressiva das famílias de classe média, um dos dilemas é como encontrar recursos para bancar a faculdade dos filhos. Os empréstimos em programas específicos são a opção natural. No entanto, em muitos casos, nem sempre o recém-formado consegue um salário capaz de fazer face às prestações deste empréstimo. É neste ponto que entra em cena ONGs e filantropos em geral. Um deles é Alberto Beeck, imigrante peruano que desembarcou nos EUA em 1968, após o golpe de estado ocorrido em sua terra natal. No início de 2014, ele anunciou a doação de US$ 10 milhões para a abertura do Centro Beeck de Impacto e Inovação Social na Universidade Georgetown, nos EUA.

Uma parte dos futuros estudantes vai ser selecionada em um reality show que será levado ao ar nas noites de domingo na Colômbia, enfocando a vida de empreendedores sociais. Do alto de seus 58 anos, pode-se dizer que Beeck é uma espécie de filantropo bissexto. Começou a investir no social apenas em 2008, depois que vendeu sua participação no Grupo Hochschild Mining, do setor de mineração e com negócios em países da América Latina e no Canadá. "Quando vivemos em uma economia estável é possível pensar em algo que não seja simplesmente proteger sua família e seus bens", falou ao jornal The New York Times em recente entrevista. A doação para a universidade e o programa de TV estão em linha com a sua crença em relação ao poder transformador da filantropia.

Mesmo antes de deixar a iniciativa privada, Beeck atuava como voluntário na Lumni. A ONG ajuda jovens de cinco países (Chile, Colômbia, Peru, México e dos EUA) a custear os estudos, em troca de uma parcela de seus ganhos futuros, limitados a 15%. Este sistema é considerado mais efetivo que o do empréstimo estudantil propriamente dito, que não leva em conta a capacidade de pagamento. Resultado: pelas contas do governo americano, nada menos que 5,4 milhões dos 37 milhões de beneficiários do sistema federal estão inadimplentes. O papagaio é estimado em US$ 1,2 trilhão.

Beeck não está sozinho nesta cruzada. A Lumni foi criada em 2003, pelo imigrante colombiano Felipe Vergara e seu amigo Miguel Palácios. Na prática, trata-se de uma empresa que administra uma série de fundos de investimentos de cunho social, que têm como foco financiar estudos ou acomodação e até conseguir estágio/emprego qualificados para seus pupilos. Eles também são acompanhados no desenvolvimento de suas carreiras, por meio de dinâmicas de coaching. Para bancar estes programas eles contam com o suporte de multimilionários como o peruano Beeck, de empresas privadas e de órgãos de fomento como o Inter-American Development Bank (IABD). Todos interessados em investir no chamado capital humano. Desde sua criação, em 2003, cerca de cinco mil jovens já foram beneficiados pela Lumni.