Quem é: Guilherme Lichand
Por que é importante: fundou uma consultoria que usa o celular analógico como ferramenta para validar o alcance e a eficácia de políticas públicas sociais
Imagine a cena. Você está em casa e de repente o telefone celular toca. Do outro lado, uma voz gravada lhe convida a participar de uma pesquisa sobre os efeitos da seca, ou sobre os desafios da mobilidade urbana ou então busca investigar a qualidade de algum serviço público. Quem responde todos os itens, ganha como recompensa créditos para falar ou enviar SMS. De forma resumida, esta foi a principal sacada do economista Guilherme Lichand, sócio fundador da MGov-Brasil, consultoria que desenvolve mecanismos para ajudar a aprimorar a gestão pública. A ferramenta já foi utilizada por governos do Ceará, Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e São Paulo. Apesar de o projeto parecer simples, ele embute um nível elevadíssimo de tecnologia e inteligência, mesmo tendo por base aparelhos celulares analógicos. "Quando falamos de políticas públicas e ações de impacto social, precisamos trabalhar com tecnologias que funcionem com qualquer aparelho e qualquer tipo de plano", explica.
Ao contrário de muitos apps e sistemas charmosos, mas pouco efetivos, o projeto estruturado por Lichand e seus sócios já se provou revolucionário do ponto de vista de quem mais precisa dele. Isso aconteceu, por exemplo, no Rio Grande do Norte onde a MGov-Brasil foi contratada para avaliar o programa de distribuição de leite. Como os resultados não se mostravam satisfatórios havia a intenção do governo estadual de encerrar um projeto que beneficiava 150 mil famílias e exigia um desembolso anual de R$ 80 milhões. "Nossa pesquisa mostrou que um conjunto de municípios tinha uma performance muito superior a dos demais", conta. "A partir daí, o governo universalizou o esquema descentralizado de entrega do produto que vinha funcionando com êxito em algumas localidades."
A obsessão pela qualidade da gestão pública faz parte do DNA de Lichand. Para poder fazer a diferença nesta área, o fundador da MGov-Brasil fez cursos de especialização na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, e na Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Rio de Janeiro. Na sequência, emendou um doutorado na prestigiosa Universidade Harvard. Tudo isso antes de completar 35 anos de idade. Por conta disso, acabou sendo convidado para atuar como analista do Banco Mundial, no escritório de Brasília. Lá, ele trabalhou como pesquisador no time encarregado de estudar mecanismos de redução de pobreza e gestão econômica. Porém, o que Lichand queria mesmo era se tornar um empreendedor social.
Desde janeiro, a startup começou a atender também as organizações do Terceiro Setor, para as quais desenvolve trabalhos nas áreas de educação, saúde e mobilidade urbana. Apesar de a MGov-Brasil ainda estar em fase de ascensão, o jovem já traça metas ambiciosos. "Estamos planejando a internacionalização da empresa, e devemos pilotar nossa primeira iniciativa fora do Brasil ainda em 2014", destaca, sem, no entanto, revelar maiores detalhes.