Quem é: João Alfredo Dresch
Por que é importante: criou o primeiro carro elétrico, feito de forma artesanal, a ser registrado no Brasil
Para lançar um novo automóvel no mercado, as grandes montadoras investem muito tempo e dinheiro. Entre a prancheta do projetista e as concessionárias são necessários cerca de dois anos e, no mínimo, R$ 500 milhões. Se a opção for por um veículo elétrico, tanto o período de testes quanto a grana envolvida pode dobrar, ou até mesmo triplicar. Felizmente, o gaúcho João Alfredo Dresch, de 69 anos, não levou nada disso em conta quando decidiu criar o JAD, o primeiro veículo elétrico feito de forma artesanal a ser registrado no país.
Para isso, Dresch se uniu a um amigo mecânico e saiu pelos ferros-velhos de Lajeado atrás de suprimento. Os bancos foram retirados de uma Meriva, os faroletes de uma motocicleta quebrada e espelhos retrovisores de caminhão. Numa viagem a Assunção, ele comprou 14 baterias de jet ski. Foram 11 meses de testes e montagem, período no qual foram gastos R$ 40 mil, retirados de suas economias e dos proventos da aposentadoria. O veículo, que recebeu a placa JAD-0713, consegue rodar por cerca de 150 km, após duas horas ligado na tomada 110 V ou 220 V.
Agora, o JAD, resultado da junção das iniciais do nome deste inventor bissexto, deverá dar um novo salto. Em abril, Dresch conseguiu arregimentar cinco engenheiros e um professor universitário de Caxias do Sul para ajudá-lo a desenhar a nova versão do JAD. Ele evita dar detalhes, mas deixa escapar que será ainda um carro modelo compacto, mas com um jeitão de sedã. Além de procurar a ajuda de especialistas, Dresch também busca recursos para fazer jus à alcunha de "Henry Ford gaúcho". "Já conversei com uns 50 consultores", contou a 1 Papo Reto. "Meu objetivo é encontrar formas de viabilizar a produção do carro em larga escala."
Segundo cálculos do empreendedor gaúcho, a expectativa é que as duas versões do veículo cheguem ao mercado custando em torno de R$ 30 mil, em valores atuais, cada. Montante que pode cair ainda mais se levarmos em conta os benefícios indiretos como a isenção do IPVA, e 23 estados, incluindo Minas Geais, Rio de Janeiro, São Paulo, além da terra do inventor Dresch. Outro dividendo é a liberação do rodízio de veículo, que hoje vigora na cidade de São Paulo. Sem contar o gasto com combustível que, no caso do JAD, equivalente a R$ 0,10 por quilômetro rodado.
Mesmo sem conseguir sensibilizar investidores dispostos a bancar iniciativas elétricas no país do pré-sal e do etanol, o empreendedor gaúcho diz que se mantém animado. "Este projeto é revolucionário e tem tudo para dar os resultados esperados."