Luz, câmera... consciência social!

Quem é: Regilson Cavalcante Silva

Por que é importante: ao lado da esposa, Thamires, ele fundou e mantém o único cinema de rua da Paraíba

O filme "Cinema Paradiso", do italiano Giuseppe Tornatore, fala da magia do cinema a partir do olhar de um garoto travesso, e muito esperto, apelidado de Toto. Mas esta mesma história bem que poderia ser contada do ponto de vista do paraibano Regilson Cavalcante Silva, nascido em Remígio, pequena cidade situada na divisa entre a região do Brejo e a serra da Borborema.

Graças ao seu esforço e de sua mulher, Thamires, o município ostenta o honroso título de a única cidade da Paraíba a contar com um cinema de rua, o Cine RT, batizado com as iniciais do nome do casal. "Da mesma que o personagem de Cinema Paradiso, eu também recolhia as pontas de película de filmes e ficava maravilhado ao ver as imagens", conta. Para dar vida ao seu cinema, ele usava um método rudimentar de projeção com uma lâmpada e uma caixa de sapatos.

Mais que um empreendimento comercial, o Cine RT se tornou um polo de diversão e cultura para os moradores da cidade. À exceção de uma pequena ajuda da prefeitura, que lhe paga um salário mínimo em troca do acesso dos estudantes da rede pública às sessões, as despesas são bancadas com os recursos amealhados com sua oficina de motocicletas, sua outra grande paixão.

Regilson decidiu reerguer o cinema São José, que marcou a sua infância, por um misto de saudosismo e amor à Sétima Arte. "É muito bom poder fazer o que gostamos. Por isso eu não me arrependo de ter entrado nesta empreitada."

A inauguração aconteceu em 13 de fevereiro de 2012. E desde então o Cine RT se transformou em point cultural da cidade. A infraestrutura é simples e conta com apenas um funcionário, além da esposa, que fica na bilheteria. O empreendedor se diz satisfeito quando a lotação atinge 50 pessoas, que se acomodam em cadeiras de plástico.

As poltronas almofadadas fazem parte da lista de prioridades elaborada por ele. O ingresso custa R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia) e dá direito a assistir blockbusters, como "Mercenários 3", que antes só eram acessíveis nos shopping-centers da capital, João Pessoa, ou por meio de DVDs piratas.  Volta e meia ele faz promoções, cobrando meia entrada de todos.

A internet facilitou bastante a vida de Regilson. É por meio da rede que ele encurta a distância e relação às grandes distribuidoras das quais adquire as películas que rodam no projetor 35 milímetros, doado pela rede Cinépolis, de João Pessoa. Até então, ele se virava com um projetor feito a partir do desmonte de dois equipamentos, comprados por módicos R$ 3,5 mil.

"Assim como aconteceu comigo, espero que as crianças e os jovens da região adquiram o gosto por várias formas de cultura e arte", destaca.