Ponto de partida

Quem é: Andy Didorosi
Por que é importante: para ajudar na recuperação de Detroit (EUA), criou a primeira linha de ônibus sustentáveis da cidade

A falência da cidade de Detroit, berço da indústria automotiva nos Estados Unidos, mexeu não apenas com os brios da população local. Também abalou inúmeros serviços utilizados especialmente por quem vive na periferia. O cenário de desolação se completava com um total de 80 mil casas abandonadas ou queimadas, porque seus moradores não conseguiam pagar o aluguel ou a prestação. Neste contexto, inúmeros bairros ficaram isolados em uma área metropolitana que ainda abrigava 700 mil pessoas. Às vezes, seus moradores tinham de esperar até 40 minutos para pegar um ônibus. Muitos perderam seus empregos porque, simplesmente, não conseguiam chegar no horário. Foi então que o jovem Andy Didorosi, de 25 anos, teve a ideia de criar uma empresa de ônibus.

Só que a Detroit Bus Company (DBC) não guarda qualquer relação com as empresas convencionais. Primeiro porque utiliza veículos recondicionados, decorados por grafiteiros e artistas pop da cidade, além de serem abastecidos unicamente com biodiesel. Segundo, porque a DBC aposta na tecnologia para proporcionar um serviço mais eficiente. Cada veículo é equipado com dispositivo conectado à internet que permite traçar rotas mais inteligentes e atender um número maior de pessoas. Exemplo: na vertente social do serviço, feita em parceria com a Skillman Foundation, apenas dois ônibus são suficientes para transportar onze mil estudantes por mês, no percurso entre  de suas casas e ONGs e centros sociais aonde acontecem programas de extensão escolar. "Tinha certeza que não teria fôlego para competir com as grandes empresas", contou em uma apresentação no projeto TED. "Minha única chance de sucesso era fazer algo bastante diferenciado".

Hoje, a DBC é apontada como uma das iniciativas mais exitosas no esforço de recuperação do orgulho e da economia local. Para colocá-la de pé, Andy usou a criatividade. Após identificar as carências de seus conterrâneos, centrou esforços no que poderia ter um apelo ainda maior. Foi aí que entrou em cena a Skillman Foundation, que se sensibilizou com a ideia de garantir transporte gratuito para os estudantes que vivem em bairros da periferia e estão mais expostos à violência. Com um cheque de US$ 100 mil em mãos ele seguiu para leilões de venda de veículos retomados por falta de pagamento, onde montou sua pequena frota.

O controlador da DBC sempre gostou de empreender. Antes de fundar esta empresa havia sido dono de um co-working (espaço para escritórios compartilhados) e de uma pista de corrida de kart, batizada de Thunderdrome. Andy tem noção exata da importância de seu novo negócio. "Em qualquer outra cidade, os meus clientes seriam apenas passageiros de mais uma empresa de ônibus", argumenta. "Aqui, eles têm a chance de desfrutar de um sistema que permite fazer a diferença, tanto na mobilidade quando na educação de nossas crianças."