Quem é: Herbert Senzano Lopes
Por que é importante: desenvolveu um sistema que permite tornar a exploração de petróleo menos agressiva ao meio ambiente, a partir do aproveitamento de gases na geração de energia
Tudo levava a crer que o jovem potiguar Herbert Senzano Lopes, de 28 anos, iria fazer carreira em medicina. Afinal, esta é a profissão do pai, Hudson Velasquez, um imigrante boliviano que escolheu Natal para viver. Nas reuniões familiares, os temas de debate, envolviam sempre assuntos da área médica, uma vez que os tios de Herbert também trabalham no setor. Hoje, o jovem estuda ciências, mas em vez de temas ligados ao corpo humano, este engenheiro químico desenvolve soluções inovadoras para o setor de petróleo.
Um de seus trabalhos, intitulado "Recuperação de Gás Expandido para Geração de Eletricidade", acaba de ser premiado no prestigioso e concorrido UniSim Design Challenge, competição global que reuniu, no Texas (EUA), a nata de pesquisadores em tecnologia.
"Este prêmio me enche de orgulho, pois fui o primeiro brasileiro a conquistá-lo", destaca Herbert. "Até então, a lista de premiados era composta apenas por estudantes americanos e europeus." O projeto proposto por ele foi concebido com o objetivo de melhorar o grau de sustentabilidade da produção de petróleo. Por meio de um software de simulação ele provou ser possível gerar eletricidade a partir da recuperação do gás extraído deste processo. "Seria uma forma eficiente de aproveitar subprodutos da prospecção de petróleo, além de evitar que sejam lançados componentes orgânicos poluentes na atmosfera", explica.
O mestrando da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) voltou dos EUA, onde fica a sede da Honeywell Process Solutions, promotora do evento, com o bolso recheado de cartões de empresas interessadas em contratá-lo. "Fiz muitos contatos, mas meu foco, agora, é concluir o curso", diz.
Se tudo correr de acordo com os planos, Herbert acaba o mestrado no final deste ano. A partir daí, ficará livre para, praticamente, escolher onde irá colocar em prática seus conhecimentos. Para ele, não importa o local, desde que possa manter a opção de atuar na redução do impacto ambiental de processos produtivos, sua grande paixão.
Aliás, foi investigando os "problemas alheios" que o jovem potiguar começou a ver que era mais que um estudante de engenharia química, e sim um ecologista bissexto.
No começo da carreira acadêmica se inscreveu como bolsista voluntário para desenvolver uma pesquisa destinada a dar um fim ecologicamente correto às aparas do processo produtivo de botões para roupas, uma indústria muito forte em seu estado. Viu que o material poderia ser usado como insumo na fabricação de asfalto, substituindo parte da brita utilizada na composição do produto. Daí nasceu o cimento-asfalto de petróleo.