O arsenal criativo das ruas

A reflexão em determinados momentos nos faz voltar no tempo, imaginar como pode ser o nosso futuro, ou planejar certas ações no presente. Diante disso, um dos elementos que nos ajudam a ter uma percepção e consciência maior sobre as coisas é a arte. Música, pintura, grafite, desenho, teatro e um monte de outras expressões artísticas nos fazem um bem danado no contexto dessa sociedade contemporânea à beira do caos.

Gostaria de deixar registrado isso aqui. Queria trocar com vocês essa possibilidade de reflexão, especificamente sobre o grafite, o desenho e o hip-hop. Por serem elementos que nos representam socialmente – acho que isso serve para mim e para boa parte de nós que nasceu, cresceu e viveu ou vive na periferia –, eles acabam por simbolizar meios de resistência às adversidades impostas no cotidiano.

O hip-hop teve seu estopim no Brasil nos anos 80. Os responsáveis por nos apresentar a tudo isso foram Thaíde e DJ Hum.

Conhecido como cultura de rua justamente por ter características próprias e autorais que permitem manifestações diversas, o hip-hop tem como característica os quatro elementos: Grafite, o DJ, o B-boy e o MC.

O grafite, como apresentei no texto “Arte de rua transgressora …”    é responsável por expressar nas paredes as questões que são faladas e cantadas pelos MC’s e, além disso, sempre nos faz refletir e pensar sobre nossas atitudes cotidianas perante a sociedade. Logo, aquele que o observa sempre é convidado a discutir questões sociais, políticas e culturais.

Os outros elementos são os DJ’s e o B-boy. Os DJ’s fazem com que todos ouçam de modo limpo e agradável o som das ruas – o Rap (Ritmo e Poesia). Quantos de nós quando ouvimos aquela música agradável que sai dos toca-discos começamos a refletir sobre nossa trajetória de vida, inquietações sobre tudo o que nos cerca?

Dentro desse bolo todo e para fechar a história, entra a figura do B-boy, o que anima pelo lado da dança no seu quebrar de corpo muitíssimo interessante, no balanço e pulsar do ritmo da música.

Esse é o poder das manifestações artísticas, sempre fazendo as pessoas refletir, pensar e agir em determinadas situações. Isso me leva a pensar que a filosofia de vida que cada um de nós tem é motor de nossa busca por realização pessoal, profissional e social.

Portanto, ao andar nas ruas, acredito que devemos observar mais todo esse arsenal criativo e artístico de que dispomos. Seja em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, pois sempre haverá algo para nos fazer refletir o que vai lá no íntimo da nossa consciência.

Arte é reflexão!

Rodrigo Garcia é designer gráfico e arte-educador. O que o move no mundo é a possibilidade de ver a arte, seja ela em grafite, ilustração ou em tela