A arte como ferramenta de transformação social

A arte como ferramenta de transformação social

Na última década, o mundo se surpreendeu com o surgimento de lideranças jovens que rapidamente ganharam notoriedade. Especialmente àquelas que atuam no enfrentamento de questões espinhosas como a luta contra o aquecimento global e a ação de grupos fundamentalistas. É claro que nestes dois casos os nomes que vêm à mente são o da sueca Greta Thunberg e o da paquistanesa Malala Yousafzai, respectivamente. Um dos fatores que vêm colaborando para essa visibilidade é a popularização das ferramentas da Tecnologia da Comunicação e da Informação (TICs), com destaque para as redes sociais. Estas plataformas também possibilitaram que vozes da floresta amazônica, como a indígena Txai Suruí, levassem a mensagem de seus povos para milhões de pessoas pelo mundo afora.

E é exatamente na força e no poder das TICs que se apoia a campanha global Videos for Change, criada pela High Resolves, ONG australiana focada na mobilização de crianças e jovens. No Brasil, a iniciativa é tocada pela ONG Viven, que acaba de lançar a primeira edição nacional do Festival Videos for Change, que inclui 81 peças audiovisuais produzidas por estudantes da sexta série ao terceiro ano do ensino médio de São Paulo, Pernambuco, Pará, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A votação, que encerra no domingo (10/9), é aberta ao público (acesse o link aqui) e os critérios para escolha incluem a melhor narrativa e a melhor chamada para ação. 

“Nosso objetivo é fazer com que a mensagem destes jovens chegue a um número cada vez maior de pessoas e sejam incorporados por entidades que defendem as causas abordadas por eles”, explica Lina Wurmann, fundadora da Viven. Os temas enfocados nos 81 vídeos incluem violência doméstica, racismo, bullying e sexismo. Segundo ela, mais que produzir um vídeo, o objetivo do projeto é atuar em uma mudança de comportamento e na transformação cidadã. A metodologia se baseia em vivências e, apesar de colocar o estudante como protagonista, a mediação do professor é indispensável. “Os dividendos gerados pelo projeto vão desde a melhora no aprendizado até uma mudança de comportamento efetiva. Isso porque, ao final de cada vídeo existe um chamado para a ação” 

Ela conta que a ideia de trazer a metodologia da High Resolves para o Brasil surgiu durante um encontro com amigos na Austrália, em 2019. Só que em vez de simplesmente traduzir os manuais, Lina e sua equipe, composta de oito pessoas, fizeram um amplo trabalho de customização para a realidade brasileira. Desde sua criação, em 2019, a ONG já conseguiu implementar a metodologia em 318 escolas de 111 cidades, beneficiando cerca de 170 mil estudantes. 

O material que está disponível na plataforma de votação é fruto de 12 festivais regionais do Desafio Videos for Change, realizados ao longo de 2022 em 16 localidades de São Paulo, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Sergipe, envolvendo 3,5 mil alunos de 108 e 337 professores de 108 colégios. O anúncio dos vencedores acontecerá na terça-feira, 19 de setembro, durante uma live no Youtube.