O censo feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estática) revela que a cidade de São Paulo tem mais de 11,2 milhões de pessoas, sendo que cerca de 37%, ou seja 4,1 milhões, se declararam negros (pretos ou pardos). Uma pausa: pardos? Caramba, ainda usam esse termo?
Enfim, vamos em frente. Segundo o Ministério do Trabalho, um cidadão negro recebe em São Paulo uma renda média domiciliar 2,5 vezes menor do que de um cidadão branco.
Isso mesmo: a força de trabalho de um homem negro é considerada inferior a de um branco exatamente igual a ele. Uso “inferior” para dar a medida da ofensa que é essa discriminação.
Na faixa dos trabalhadores com carteira assinada, os negros estão em 32,5% das vagas, enquanto os brancos ficam com 66,3%. Se olhar no topo das organizações fica ainda pior: os afrodescendentes são só 3% dos líderes.
E esses raros exemplos ainda sofrem um pouco mais: se for homem a remuneração é 31,5% menor e se for mulher é 37,5% inferior – deve ser adicional de discriminação de gênero.
Portal da diversidade
Para tentar reparar minimamente essa disparidade absurda, a cidade de São Paulo ganhou esta semana uma ferramenta para acessar vagas de trabalho qualificadas.
O portal São Paulo Diverso, resultado de uma parceria entre Prefeitura, Microsoft e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), traz informações que aproximam trabalhadores negros de empresas que têm programas afirmativos.
O objetivo é facilitar a inclusão racial no mercado de trabalho por meio da divulgação de oportunidades de emprego e qualificação profissional.
“Queremos encurtar a distância entre o negro e o mercado de trabalho”, disse o secretário municipal de Igualdade Racial de São Paulo, Maurício Pestana.