Temer dança o Moonwalk como ninguém...

O passo de dança Moonwalk tornado mundialmente famoso pelo saudoso Michael Jackson parece ser o preferido do presidente Michel Temer. O Moonwalk consiste em se movimentar para trás, mexendo os pés de modo a criar a ilusão que se está deslizando.

“Movimentar para trás” é igual a recuar.

E nisso, o governo Temer demonstra ser bom. Recua como poucos em suas “decisões” – sim, está entre aspas porque se precisa recuar é porque não sabe tomar uma decisão consistente com as expectativas da sociedade.

O caso da extinção da Reserva Nacional do Cobre e Associados (RENCA) é o mais recente exemplo. Houve mais de um recuo nesse episódio, é preciso que se registre. Também em agosto, o governo já havia recuado em relação ao aumento do Imposto de Renda para pessoas-físicas; também em relação ao orçamento da Polícia Rodoviária Federal; e ainda sobre o fim do auxílio-reclusão.

A extinção da reserva mineral, que era para ser um ato vantajoso para o Brasil, teve seu significado interpretado por grupos de acordo com seus interesses específicos – ecológicos, políticos e de fama – e isso gerou um amplo movimento contra o governo, que tem elevados índices de impopularidade.

Logo surgiram os gritos de “A Amazônia não está à venda!”, “Vão destruir a Amazônia!” etc.

É justo qualquer pessoa se manifestar dessa forma sobre o caso. Se alguém quer manter toda a Amazônia intocada é um direito se manifestar.

O que se lamenta é que fatos equivocados ainda estão sendo insistentemente usados – propositalmente ou não – para atrair apoio da opinião pública para essas bandeiras, principalmente, àquela sociedade que não está na Amazônia.

A título de provocação, acredito que somado a este debate de “proteja a Amazônia da destruição” deveria haver um movimento paralelo, com o mesmo propósito, direcionado aos que habitam as grandes metrópoles. É nessas cidades que a sociedade efetivamente polui bastante o ar, as nascentes, os rios, as praias e o oceano, destrói a natureza com a massiva e desordenada ocupação urbana.

É…quem está numa cidade grande, como São Paulo, vive em um ambiente onde certamente mais se ataca a natureza e, por tabela, as condições ideais de vida de humanos e de outros seres. Será que gritar pela Amazônia, com este rastro de destruição “embaixo do tapete”, alivia alguma parcela de culpa? Chama o psicólogo!

Deixando as provocações e as paixões de lado, a extinção da RENCA permitiria ao Brasil pesquisar o que há no subsolo daquela área, e tão somente nas áreas que não são ambientalmente protegidas e/ou onde há terras indígenas.

Concordo que o governo poderia ter consultado previamente a sociedade, deveria ter explicado melhor o que pretendia, mas como isso não ocorreu, instaurou-se uma grande celeuma.

Pesquisa geológica é uma obrigação para qualquer nação. É assim que são encontrados minérios sólidos, petróleo, gás e também água. Dispensável abordar a importância de cada um para nossas vidas.

Para discutir se a eventual (note: eventual) extração do que se encontrar ali poderá, um dia, ser feita de um modo A ou de um modo B, ou então não deverá ser feita de jeito algum, é uma discussão para após o término da etapa da pesquisa geológica.

Não dá para abrir mão de conhecer o território, na sua superfície e no seu subsolo. Isso é estratégico para uma nação.

Mas, infelizmente, o debate em torno da RENCA ganhou dimensões decepcionantes e abafou o assunto principal. Todos nós dançamos o Moonwalk.

SAIBA MAIS:

Sobre a posição dos ecologistas

Sobre a posição do governo

Sobre a visão do setor mineral