Se fossem um estado, as favelas brasileiras (com 12,3 milhões de habitantes) seriam a quinta mais populosa unidade da federação, perdendo apenas para São Paulo (44,4 milhões), Minas Gerais (20,9 milhões), Rio de Janeiro (16,6 milhões) e Bahia (15,2 milhões)”, diz Renato Meirelles, sócio-fundador e presidente do Instituto Data Popular e sócio do Data Favela.
“Tem mais favelado no Brasil do que gaúcho!”, exclama Meirelles.
Estes dados surpreenderam os cerca de 200 participantes do 2º Fórum Nova Favela Brasileira, realizado em SP. Acompanhado do ativista e empresário Celso Athayde, sócio do Data Favela, Meirelles apresentou um denso estudo sobre uma parte pouco conhecida do chamado “Brasil profundo”.
Um território no qual seus habitantes dizem sentir orgulho de viver e no qual a saúde e a educação são as preocupações primordiais. “Isso indica o quanto o asfalto desconhece os moradores da favela”, destaca Meirelles.
Outro dado que salta aos olhos é que cerca de 90% deles jamais deixariam o local, mesmo que seu padrão de vida melhorasse muito. “Este morador tem um senso muito forte de comunidade. Ele quer empreender e crescer. Mas quer fazer isso na comunidade onde se sente acolhido.”
Talvez o que ajude a explicar também este sentimento de pertencimento seja a forte carga de preconceito e exclusão despejada sobre os moradores das favelas.
O problema é o estigma contra moradores de favela, em sua maioria, negros, mulheres e mais jovens que a média nacional porque a mortalidade ainda é alta.
Durante o evento foram apresentados cases bem-sucedidos de comunicação com esse público das favelas, como o das Casas Bahia. O projeto Gastromotiva, que sobe morros de para capacitar pessoas para se tornarem chefs, ajudantes de cozinha, também foi apresentado.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas em 63 favelas de Norte a Sul do Brasil.
Idade média
Favela: 29,1 anos
Brasil: 33,1 anos
Total de negros e pardos
Favelados: 67%
Brasil: 55%
Lares chefiados por mulheres
Favela: 44%
Brasil: 38%