Por que o escândalo da merenda não leva o “gigante” às ruas? Responder essa pergunta é mais fácil que roubar merenda de criança. Ninguém se importa! Como ex-aluno do ensino básico público, sinto que a cada dia as escolas estão sendo mais sucateadas.
Falta e incentivo aos profissionais da educação, faltam ferramentas, equipamentos, estrutura. Falta respeito aos estudantes da rede.
Não me pauto pelas estatísticas ou informações jornalísticas, mas sim pela ótica de consumidor desse serviço público. Nos 11 anos, do ensino fundamental ao médio, pude perceber que as diferenças entre governos versus “melhorias” nas escolas foram muito pontuais e que cada mínima mudança gerou impactos expressivos. Uma delas que mais impactaram foi mexer na merenda escolar.
Em 2003, por exemplo, frequentava a 4ª série do fundamental, ano em que foi implantado o fornecimento de comida em vez de lanche. Havia muitos colegas que eram motivados a ir à escola pelo simples fato de obterem boa parte de sua alimentação diária por lá. E vou falar uma coisa que pode ser novidade para você, leitor: ainda hoje, quase 13 anos depois, essa é uma realidade.
Mas, como disse no começo do texto, ninguém se importa. O brado retumbante do “mexeu na Petrobras, mexeu comigo” não é ouvido quando o assunto é, por exemplo, roubar dinheiro do orçamento das escolas. Não dá retorno financeiro, ou político, lutar por causas sociais concretas.
Enquanto a embarcação afunda, os estudantes da rede pública estão abandonados à própria sorte.