Do acaso à sustentabilidade: a história da Águas Prata

Do acaso à sustentabilidade: a história da Águas Prata

Algumas das mais importantes descobertas que moldaram a história da humanidade se deram por obra do acaso. Foi ao observar a queda de uma maçã que o físico e matemático britânico Isaac Newton deu os retoques finais à Teoria da Gravidade, também conhecida como Lei de Newton. No mundo dos negócios, o acaso também ronda alguns dos projetos bem-sucedidos. Que o diga o cientista Art Fry, que tirou do limbo o adesivo criado pelo colega Spencer Silver para lançar o post-it, um marcador de páginas colorido que desde 1980 adiciona milhões de dólares ao caixa da americana 3M.

Mais que talento ou conhecimento científico o que faz a diferença nestes casos é a eterna curiosidade, o inconformismo e a vontade de descobrir coisas novas. Atributos que forjaram o caráter do mineiro Rufino Luiz de Castro Galvão (1823-1898), um afro-brasileiro alforriado que atuou como alfaiate e dentista, além de ter seguido a carreira política como vereador em São João da Boa Vista (SP). Em 1876, em suas andanças pela região do Ribeirão da Prata, na serra da Mantiqueira, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo, ele ficou intrigado com a atratividade de um veio de água, que era o preferido dos animais. Ao seguir seu curso, ele se deparou com uma fonte de água termal.

A conversão da descoberta em um negócio aconteceu apenas em 1913, três anos depois que uma análise científica comprovou que as propriedades terapêuticas da fonte eram semelhantes às da água de Vichy, na França. Desde 1994, a Águas Prata integra o conglomerado Alfa, comandado pela família Faria (fundadora do Banco Real, da rede hoteleira Transamérica, entre outros negócios).

Mas muito antes disso, a Águas Prata deixou de ser tocada baseada no acaso. Ao contrário. A empresa é movida a inovação. Prova disso é que foi a primeira do setor a desenvolver uma linha de mixers (Tônica, Tônica Zero, Citrus, Club Soda, Tônica Indian e Ginger Beer) para o segmento de coquetelaria, além de ser a única na região sul a atuar com embalagens retornáveis em vidro na versão 300ml, para o food service. Essa linha colabora com 20% das vendas e integra os esforços da empresa para se adequar à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

 

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Para entrar neste segmento, a Águas Prata investiu cerca de R$ 3 milhões na aquisição de garrafas e em engradados fabricados com material pós-consumo, para facilitar a logística de entrega e recolhimento em pontos-de-venda de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal. A expectativa é que a nova embalagem represente um acréscimo de 10% nas vendas da empresa em 2024.

Por certo, o dublê de dentista-explorador-vereador se sentiria recompensado em ver no que deu a sua curiosidade. Ah, um detalhe interessante: além de batizar uma das ruas da cidade, Rufino de Castro Galvão também ostenta a fachada da empresa (na foto acima). A obra é de autoria da dupla de grafiteiros Cusco Rebel (@cuscorebel) e Ricardo Braga (@ricardobraga.art)